Contee Conta: “Os territórios da educação são predominantemente brancos”
Programa tratou da ausência e invisibilidade de professoras/es negras/os nas instituições de ensino
“Os territórios da educação são predominantemente brancos”, foi o que denunciou a pesquisadora Sara Ester Paes, nesta segunda-feira (28), durante o programa Contee Conta, conduzido pelo coordenador-geral da Confederação, Gilson Reis, e pela jornalista Táscia Souza. Graduada em Geografia e mestranda em Educação pela Unisc (Universidade de Santa Cruz do Sul), Sara é autora do trabalho “A invisibilidade das professoras negras nas instituições de educação básica de Santa Cruz do Sul — RS e a questão dos territórios e territorialidades”.
A partir dos conceitos de racismo estrutural e racismo institucional tratados por Sílvio Almeida (atual ministro dos Direitos Humanos), a geógrafa traçou a trajetória da população negra, sobretudo mulheres, desde a escravidão e as sequelas que ainda hoje se verificam, entre as quais a ausência de professoras negras e professores negros nas salas de aula das escolas públicas e privadas, que foi justamente o tema deste Contee Conta.
Para tratar do assunto, o programa também contou com a participação de Mariana Almada, que é fotógrafa, psicanalista, teóloga, ativista da Frente de Mulheres Negras do Distrito Federal e professora há 29 anos.
“Lembro muito, e a pesquisa da Sara confere isso, quando eu estudava lá nos anos iniciais, da 1ª à antiga 4ª série, tinha uma professora negra. Isso em escola pública, sempre estudei em escola pública. Nos anos finais, nenhuma professora negra ou professor negro. No ensino médio, um professor. Na universidade, nenhum”, contou Mariana.
Quando começou a lecionar, numa escola particular de renome em Brasília, a professora fazia parte de um grupo de apenas cerca de 5 professores negros frente a quase 80 docentes na instituição. Já hoje, na escola em que atua, são cerca de 20 professores pretos e pardos também num total de cerca de 80 — o que ainda é pouco. “Talvez nossa palavra-chave aqui hoje seja reparação”, defendeu.
Nessa perspectiva, a conversa passou pela importância de políticas públicas afirmativas, mas também pelo afastamento da juventude dos cursos de licenciatura, em função da desvalorização e proletarização do magistério.
Confira o programa na íntegra:
Da redação