Contee debate conjuntura nas eleições municipais
Reunião ampliada da diretoria plena da Contee debateu, na tarde desta sexta-feira, 23, a conjuntura internacional e nacional às vésperas das eleições municipais que ocorrerão em novembro. “As próximas três semanas serão decisivas nas disputas municipais”, afirmou o presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges (Miro), convidado para fazer a exposição inicial sobre o tema. A reunião ocorreu logo após o Ato em Defesa da Vida, evento virtual (leia aqui), e foi aberta pela coordenadora-geral, Madalena Guasco Peixoto: “Esta reunião está sendo realizada por meio eletrônico, com participação dos integrantes da executiva e de representantes das entidades filiadas”.
Miro abordou o atual período de pandemia mundial do coronavírus, que aprofundou a crise econômica capitalista, deixando os trabalhadores em situação de vida e trabalho ainda piores do que já viviam. “Ao lado disso, presenciamos a concentração da riqueza e a monopolização – inclusive na área da educação. Mantém-se a hegemonia neofascista no mundo, de uma classe dominante autoritária, que impõe agenda regressiva nos costumes”. A contra tendência está na “intensificação da luta de classes, devido à agudização das contradições do sistema; maior debate sobre o papel do Estado (o Fundo Monetário Internacional – FMI – diz que é hora de aumentar os gastos públicos); alterações na geopolítica mundial, com recuperação da China e reposicionamento da Rússia; ultradireita questionada, como mostra o resultado eleitoral na Bolívia, com vitória da esquerda unida. Dentro de duas semanas teremos a eleição nos EUA, que pode não apresentar mudanças no seu papel imperialista no mundo, mas pode representar a derrota do Trump, um reacionário que serve de modelo para o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro”.
No Brasil, Miro considera que “Bolsonaro continua seu esforço para sair do isolamento, recua nos ataques abertos à democracia, mas as forças mais à direita que o apoiam reclamam. A fascistização do país continua, assim como o discurso da austeridade econômica e defesa da privatização indiscriminada. Aumentam as encruzilhadas do Governo Bolsonaro, embora afastada a possibilidade de impeachment. A base bolsonarista já perdeu o apoio do lavajatismo e continua tensionada, com porta-vozes da ultradireita se dizendo abandonados. Na área econômica, o governo ainda não sabe o que substituirá o auxílio emergencial, que está chegando ao fim. Analistas preveem agravamento da situação econômica, com crescimento do desemprego e fim do distanciamento social, devido à busca da sobrevivência. As bases de sustentação de Bolsonaro estão trincando: descontentamento entre os militares, empresários descontentes coma aversão do presidente à China, pressão comercial na questão ambiental”…
Sobre as eleições municipais, o palestrante observou que “mais de 550 mil candidatos disputam prefeituras e postos nas câmaras de vereadores, mas para a maioria do povo não está ocorrendo nada, o que pode ocasionar abstenção elevada. Nas eleições municipais de 2012 cresceu a esquerda; nas de 2016, cresceu a direita; em 2018, nas eleições federais, venceu o bolsonarismo, da extrema direita, mas esquerda, mesmo assim, foi ao segundo turno, com Haddad, e o PT fez a segunda bancada federal. O centro político afundou, inclusive o PSDB, em 2018. Como será 2020? Muita incerteza. A tendência é a não consolidação do bolsonarismo enquanto força orgânica, ele está fragmentado em vários partidos; há muita dificuldade para a esquerda, mas pode ter algum resultado positivo nas prefeituras de Porto Alegre (RS) e Belém (PA). As novas regras eleitorais levaram à fragmentação das forças progressistas, com a imposição do fim das coligações proporcionais, colocando em risco a existência institucional de muitos partidos em 2022. As forças de centro político podem recuperar um pouco o fôlego, principalmente os governantes que tiveram uma postura mais racional diante da pandemia. As próximas três semanas serão decisivas nas disputas municipais”.
Após a explanação, vários diretores opinaram sobre a conjuntura internacional e nacional e informaram sobre a disputa eleitoral em seus municípios. Durante os trabalhos, foram homenageados os 15 anos do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF), os 35 anos do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Privado da Região da Serra do RS (Sintep/Serra-RS), e a posse da nova diretoria do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás – Sinpro Goiás. Menção especial foi feita ao professor Eduardo Monteiro, falecido no último dia 17. Eduardo era presidente do Sinpro Baixada Fluminense e diretor da Federação dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino no Estado do Rio de Janeiro (Feteerj).
A reunião terá continuidade neste sábado, com o debate sobre a conjuntura educacional e a pressão irresponsável, de empresários e governantes, pelo retorno às aulas presenciais sem a devida minimização dos riscos à saúde.
Carlos Pompe