Contee em defesa da vida!

A Contee realizou hoje (23), com a participação de entidades nacionais e de federações filiadas, um ato em defesa da vida, reafirmando, neste momento em que a pandemia da Covid-19 ainda está longe de ser controlada, a luta pela proteção da saúde de trabalhadores em educação, estudantes, familiares e de toda a sociedade e contra o retorno irresponsável às aulas presenciais.

“Temos a grata satisfação de contar aqui, neste ambiente virtual, com a presença de companheiras e companheiros que vão tratar de um tema que, para nós, é muito caro. Estamos atravessando uma pandemia que tem matado milhares e milhares de brasileiros e brasileiras, milhares e milhares de pessoas pelo mundo todo”, deu início aos trabalhos a mediadora do ato, Cristina Castro, coordenadora interina da Secretaria-Geral da Contee. “E aqui vamos tratar de um assunto que tem sido polêmico em alguns locais, que é o retorno às aulas presenciais.”

Em nome da direção da Contee, a coordenadora-geral em exercício da Confederação, Madalena Guasco Peixoto, em sua fala de abertura, expressou solidariedade aos amigos e familiares das mais de 150 mil vítimas, no Brasil, “que perderam sua vida não devido à pandemia, como se propaga nos meios de comunicação, mas devido à atitude genocida, negacionista, arrogante e irresponsável desse governo antipovo”. Madalena reforçou ainda que “nós, trabalhadores e trabalhadoras em educação, e nossos sindicatos temos que nos posicionar de acordo com a ciência e com o que dizem as áreas do conhecimento, principalmente a área da saúde.”

Reprodução/YouTube

“Estamos constantemente acompanhando a situação e vendo os frutos do conhecimento que estão sendo produzidos sobre esse vírus. Esses conhecimentos são importantes e têm salvado vidas no mundo inteiro. Mas nenhum deles nos remete ainda à possibilidade segura do retorno às aulas presenciais,” disse a coordenadora-geral em exercício da Contee, que evocou também o fato de que a luta pela vida não diz respeito apenas a nos mantermos vivos, mas ao “direito do povo brasileiro de ter a vida resgatada e à luta contra esse projeto ultraliberal que está retirando direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, colocando em risco eminente milhões de pessoas no Brasil”.

Depois de Madalena, foi a vez de os estudantes de manifestarem. O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, declarou que “contribui para esse índice [de contaminações e mortes] a existência de um governo que nega esse vírus e que não preparou as estratégias, as políticas públicas e os investimentos necessários para que tivéssemos mais preparo do sistema de saúde e menos mortes”. Assim como Iago, que apontou ainda que “os impactos da pandemia se alastraram para outros setores da organização social”, incluindo a “demissão de professores, a evasão em massa e a falta de assistência aos estudantes”, a presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Rozana Barroso, também denunciou a exclusão digital, a evasão escolar na rede pública e a tentativa irresponsável de retorno no setor privado motivada não por uma preocupação com o direito de acesso à educação, mas pela pressão econômica.

“O governo federal viola o direito à educação”, destacou. “A onda [de banalização da vida] que ele mesmo causa é a mesma que usa para justificar um retorno irresponsável às aulas presenciais. Se a preocupação fosse o acesso à educação, estaríamos agora pensando num plano emergencial contra a evasão, contra a exclusão digital…” Rozana reforçou ainda que “estamos perdendo uma geração de jovens por causa de um governo irresponsável que não garante a educação em tempo de pandemia, que não garante a inclusão digital, que não garante a alimentação e tem destruído sonhos dos estudantes”.

Como presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), o defensor público Renan Sotto Mayor também participou do ato, criticando a visão “gourmetizada” sobre direitos humanos e afirmando que estes “são forjados na luta”. “De quantas mais mortes a gente precisa para levar a sério os direitos humanos?”, questionou, acrescentando que a maior parte dessas mortes tem classe e tem raça. Sotto Mayor fez menção ainda à recomendação feita pelo CNDH contra o retorno às aulas presenciais antes que os riscos provocados pela pandemia estejam minimizados.

Em nome da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o secretário de Administração e Finanças da entidade, Ariovaldo de Camargo, lamentou o descomprometimento do governo com a vida das pessoas e com as relações humanas. “Não podemos deixar de manter o slogan de que todas as vidas importam.” Por sua vez, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, lembrou que a escola “ é um espaço de alto índice de contágio de doenças transmissíveis”. “Nesse ambiente de lata contaminação, como vamos fazer o retorno das atividades nas 180.610 escolas que temos n o país em condições diferentes?”, indagou. Por fim, representando todas as federações filiadas à Contee, o presidente da Fepesp, Celso Napolitano, enfatizou que o que está acontecendo no Brasil é a “crônica da tragédia anunciada”. Napolitano denunciou ainda a demissão de um grande número de trabalhadores em educação “em nome da lucratividade exacerbada”.

Apesar do cenário funesto, todas as falas também abordaram a importância do não esmorecimento, da luta e de atos como esse para enfrentar o momento difícil e defender a educação, a democracia e a vida.

Assista ao ato na íntegra:

Por Táscia Souza

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