Contee denuncia crescimento e concentração do ensino privado no Brasil

Na manhã desta quarta-feira, 21, Madalena Guasco Peixoto, coordenadora da Secretaria-Geral da Contee, apresentou no Seminário Nacional Privatização da Educação no Brasil a pesquisa “A privatização da educação pública brasileira: o projeto Name”, na mesa “O avanço da privatização da educação superior no Brasil e as conseqüências nas políticas educacionais”.

O projeto Name é o projeto do Conglomerado Pearson na educação básica pública no Brasil . Madalena explicou que a pesquisa está abordando a atuação da Pearson no país, uma empresa britânica fundada em 1844, que já atuou na indústria da construção civil e na de pólvora, e depois optou por ser a maior empresa de educação do mundo. Atua em 70 países, com 35 mil colaboradores físicos e jurídicos. Produz livros e materiais didáticos, atua em redes de conhecimento e interfaces.

“No Brasil”, informou Madalena, “a Pearson domina o sistema de avaliação do ensino básico. Atua em nosso território desde 1996. Trabalha em 140 municípios. Apresenta seis modelos de propostas às prefeituras, devido à complexidade do país. Sua intenção é dominar o mercado brasileiro”.

Para a expositora, diante do avanço do mercado global na educação no Brasil “é fundamental que o movimento sindical estude e pesquise essa realidade para que sua atuação seja mais qualificada”. Alertou que, “com o avanço do capital na nossa educação pública, a diferença entre a educação pública e privada está se dissolvendo, o que nos coloca a necessidade de estreitarmos as ações conjunta de todas as entidades”.

Privatização agressiva

A coordenadora da Secretaria de Assuntos Educacionais da Contee, Adércia Bezerra Hostin dos Santos, abordou a agressividade da privatização nos ensinos fundamental e médio. Denunciou o “corte de políticas públicas e o golpe no Conselho Nacional de Educação”, que favorecem o ensino privado. Para ela, o ensino superior oferecido pelo setor privado não vem acompanhado de qualidade. “O empresário não se preocupa com a qualidade ou o projeto nacional do país. Seu objetivo é o lucro. Há mais interesse no ingresso do aluno do que na sua formação e conclusão do curso. Os jovens ingressam no curso superior procurando avanços, melhor posição no mercado de trabalho, e não é esse o objetivo do ensino privado”.

Adércia expôs que, atualmente, 75% dos universitários estão nas universidades privadas. “Existem instituições sérias que investem na formação dos estudantes, mas não é esta a regra. Nos últimos anos houve grande expansão mercantil das instituições de ensino superior e têm ocorrido também fusões. Instituições menores foram incorporadas pelas maiores. Em 2016, o faturamento do setor foi de R$ 59,4 bilhões”, afirmou.

Para ela, os novos movimentos do setor são o processo de concentração das universidades comunitárias e a expansão na oferta de ensino a distância. Em 2015, de 1,4 milhões de matrículas no ensino a distância, 1,3 milhões foram na rede privada, e apenas 40% dos inscritos concluem o curso.  “Temos que resgatar o Plano Nacional de Educação e retomar o crescimento da educação pública”, concluiu.

Após as exposições das diretoras da Contee, houve debate com os presentes e, em seguida, foram realizados trabalhos em grupo. O Seminário, que teve início no dia 20 e terminou dia 21, teve a participação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que organiza a atividade, da Federação dos Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes-Federação) e da Internacional da Educação (IE).

Carlos Pompe

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