Contee participa duplamente da reescrita da história do movimento estudantil em Ibiúna
No último fim de semana, a Contee fez parte, duplamente, da reescritura de um capítulo significativo da história do país e do movimento estudantil. A cidade de Ibiúna (SP) sediou, entre os dias 14 e 16 de junho, o 11º Congresso da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), após 45 anos do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado em 1968, quando centenas de estudantes foram presos pela ditadura militar. Entre eles estava Augusto Cesar Petta, que na ocasião era presidente do Diretório Acadêmico de Filosofia da Puccamp, entidade representativa dos estudantes dos cursos de História, Geografia, Ciências Sociais, Matemática, Anglo Germânicas, Neolatinas, Filosofia, Pedagogia e Psicologia da Puccamp e que, décadas depois, seria presidente da Contee.
O 11º Congresso teve a participação da atual coordenadora da Secretraria de Políticas Internacionais da Contee, Maria Clotildo Lemos Petta, esposa de Augusto Petta. Na abertura do evento, em homenagem a todas as gerações do movimento estudantil, foi inaugurado, em uma das praças de Ibiúna, um belo monumento, obra do artista Claudio Tozi.
Petta foi homenageado no Congresso da UEE juntamente com outros nomes da geração de 1968, tais como Luis Eduardo Curti, ex-presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco; Guilherme Ribas, ex-presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes); morto pelos militares em 1973, na guerrilha do Araguaia; e Neusa Ferreira de Sousa, proprietária do sítio Murundu, local que sediou o 30º Congresso da UNE.
No discurso proferido no ato político, ocorrido na Praça da Matriz de Ibiúna, Petta, bastante emocionado, agradeceu a homenagem recebida em nome dos estudantes de 68, sendo muito aplaudido pelos presentes. Em sua fala, ele considerou que a homenagem recebida tem o significado de reconhecimento do valor da luta dos estudantes contra a ditadura militar, mas também da necessidade da continuidade da luta. Para ele, o atual momento, apesar de ser uma fase mais democrática e de avanços sociais, apresenta problemas sociais de grande gravidade, exigindo reformas estruturais e um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. O ex-presidente da Contee encerrou sua fala com uma mensagem aos estudantes: ”É preciso ter consciência de que os grandes problemas da humanidade não serão resolvidos nos marcos do Capitalismo; é preciso reafirmar sempre que nosso objetivo deve ser o Socialismo”.
Anistia e encontro de gerações
Além da homenagem aos líderes do movimento estudantil de 68, a Caravana da Anistia do Ministério da Justiça promoveu a Sessão da Comissão Nacional de Anistia aos presos políticos de 64 a 88. A mesa da sessão, que foi acompanhada pelo público que lotava a Praça da Matriz de Ibiúna, foi composta por Paulo Abrão (secretário Nacional da Justiça), Adriano Diogo (Comissão Estadual da Verdade), Nicoly Mendes (presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas), José Genoíno (deputado federal), dentre outros. Entre as falas dos representantes dos anistiados destaca-se a de Franklin Martins, jornalista político e ex-ministro da Comunicação Social, do governo Lula. “As Forças Armadas devem um pedido de desculpas ao Brasil”, discursou Franklin, defendendo a necessidade de uma retratação pública das Forças Armadas pelo golpe de Estado que desrespeitou a Constituição Brasileira e resultou em torturas e mortes de grande número de cidadãos brasileiros.
O Congresso da UEE também elegeu a nova presidenta da entidade, Carina Vitral Costa. Carina tem 24 anos, é estudante de economia e foi eleita pela chapa “Juventude unida pra sacudir as ruas de São Paulo” com 70,2% dos votos.
Segundo Alexandre Cherno Silva, presidente que encerrou sua gestão no 11º Congresso, “esse encontro da UEE-SP objetivou um encontro de gerações e apresentar o que a juventude de 1968 tem em comum com a juventude de hoje, e o que essa geração de agora tem como estratégia para avançarmos na construção de um Brasil mais justo e soberano”.
No plano de lutas para a próxima gestão, aprovada no Congresso, destaca-se a convocação de todos os estudantes a organizarem os atos que inaugurarão as manifestações pelos 50 anos do Golpe Militar, que serão completados no dia 1º de Abril de 2014. “Ao realizar essa homenagem aos mais de 700 estudantes presos em 1968, iniciamos esse processo. Mas, até abril de 2014 faremos muito mais”, salientou Alexandre Cherno, que, devido a sua importância política ficará marcado na história do movimento estudantil.
Assista reportagem da TV Brasil
Com informações da coordenadora da Secretaria de Políticas Internacionais da Contee, Maria Clotilde Lemos Petta