Críticas aos juros altos crescem em dia de mobilizações
“Pornográfica”, “nada que justifique”, “chocante”, para “matar qualquer economia”. Veja as críticas de Lula, Alckmin, Josué Gomes, Joseph Stiglitz e Jeffrey Sachs
Em entrevista à TV 247 nesta terça-feira (21), Lula afirmou que “vai continuar batendo” para a redução da taxa básica de juros (Taxa Selic). A afirmação acontece no mesmo dia em que a população foi às ruas para pedir a queda da taxa pelo “Dia de Luta por Juros Baixos! Fora Campos Neto”.
Atos em todo Brasil denunciaram a hegemonia do rentismo no Banco Central, liderada por seu presidente, o bolsonarista Roberto Campos Neto.
Na entrevista, Lula falou: “Vou continuar batendo, tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros para que a economia possa voltar a ter investimento.”
Mas não é só o presidente que tem se posicionado. As críticas aos juros altos têm crescido por todos os lados.
Na segunda-feira (20), o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, classificou a taxa de juros brasileira como “pornográfica” durante conferência promovida pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No mesmo evento, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, engrossou o coro e disse que “não há nada que justifique ter 8% de taxa de juros real, acima da inflação, quando não há demanda explodindo e, de outro lado, no mundo inteiro, há praticamente juros negativos. Nós acreditamos no bom senso e que a gente vá, com a nova ancoragem fiscal, superar essa dificuldade.”
No final de fevereiro, o vencedor do Prêmio Nobel de economia Joseph Stiglitz, professor da Universidade de Columbia (EUA) e ex-economista-chefe do Banco Mundial (1997-2000), afirmou que Lula está “absolutamente correto” no ataque aos juros.
O economista, que também participa da conferência do BNDES, voltou a afirmar que a taxa de juros do Brasil é “chocante” e que este patamar pode “matar qualquer economia.
Na mesma linha, o economista Jeffrey Sachs, também professor da Universidade de Columbia (Estados Unidos), disse que não é momento de austeridade no Brasil e que a situação fiscal não explica a manutenção dos juros neste alto patamar, o que estaria afastando investimentos.
Agora resta esperar e ver qual será a decisão da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), nesta terça (21) e na quarta (22), quando será anunciado se manterá a Taxa Selic em 13,65% ao ano ou se será iniciado um ciclo de queda.