CTB destaca importância do trabalho na perspectiva do projeto nacional
A Liderança do PCdoB iniciou nesta semana, na Câmara dos Deputados, um ciclo de debates para propor avanços para o desenvolvimento do país. “As reformas de base para o Brasil do século XXI” resgatam a ideia do ex-presidente João Goulart sobre as mudanças estruturais de que o país precisa para continuar crescendo. Desta vez, os debates contemplarão temas relacionados ao mundo do trabalho, à reforma urbana, à economia e ao desenvolvimento.
Para tanto, um grupo de especialistas foi convidado para, ao lado dos parlamentares, refletir sobre as mudanças necessárias para atualizar e renovar o Programa de Governo.
Abertura
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) realizou a abertura dos debates. Ela falou sobre a proximidade das eleições, que considera momento de assumir nossos campos de lutas e estruturar nossas formas e ideias, lamentando que “muitas vezes os partidos de esquerda sejam chamados a uma corrida atrás de uma pauta que não somos nós que fazemos e acaba que os dias, meses e anos passam e somos moídos pelo processo e não debatemos”, avalia.
Após o discurso de abertura, o deputado Assis Melo (PCdoB-RS) foi convidado para presidir a mesa de debates. O parlamentar destacou o compromisso da sigla com a luta da classe trabalhadora, reforçando a importância de debate sobre projetos de interesse dos trabalhadores.
Aumento de força no Legislativo
Para Clemente Ganz Lúcio, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o movimento sindical precisa construir uma correlação de forças, principalmente no âmbito do Legislativo Federal, para que haja mudanças mais profundas na sociedade. Ele enfatizou ainda que é preciso entrar na disputa para que haja mudanças mais robustas e consolidação de um estado que a qualidade de vida e bem estar.
“Nos últimos anos o que fizemos não é pouco, mas está claro que abre um campo de disputa que exige dos que querem o debate de outra ordem de bem-estar do país ter capacidade de fazer enfrentamento em outro nível”, explica Ganz Lúcio.
Igualdade de gênero
Já a representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Laís Abramo, comentou sobre a questão de gênero no mundo do trabalho e foi objetiva ao reafirmar que as mulheres negras são as que mais sofrem discriminação no mundo do trabalho. Elas são atingidas mais fortemente pelo desemprego e pela informalidade. Com relação à proteção social, 40% não tem acesso à seguridade.
Laís comentou também que há convenções da OIT da metade do século passado que ainda não foram regulamentadas ou aplicadas no país. Em 1965 foi publicada a última convenção da OIT que trata da igualdade de gênero e a partir de 1950 foi feita uma abordagem das relações de trabalho considerando a equidade nas tarefas domésticas.
Avanço nas reformas
Márcio Pochmann, da Fundação Perseu Abramo, destacou a importância de pensar nas reformas, principalmente no mundo do trabalho. Ele falou sobre os avanços ocorridos no Brasil nos últimos 12 anos, mas destacou que os resultados adquiridos fazem parte de uma agenda anti-neoliberal , que está em esgotamento, não consegue mais aglutinar forças.
“O que fizemos contra o neoliberalismo não é suficiente, por que existe um segmento que não se sente capturados pelos partidos políticos, pelas instituições que representam trabalhadores e os estudantes, nem de organizações de base e de bairro”, avalia o palestrante.
Ainda segundo Pochamnn, é preciso uma nova agenda de trabalho, pois a antiga – apesar de ser importante e precisar ser reforçada – não mobiliza esse novo segmento da sociedade. Esse conjunto de brasileiros está ansioso por uma nova agenda do trabalho e está convencido que o seu futuro depende da educação e do seu conhecimento.
Política macroeconômica
Paulo Vinícius, da direção da CTB Nacional, também esteve no debate e ressaltou importância da participação no seminário promovido pela Liderança do PCdoB para o movimento sindical, debatendo o trabalho na perspectiva do projeto nacional do desenvolvimento e desafios do futuro imediato para o nosso país.
Para o dirigente, o país se encontra numa situação de encruzilhada histórica quanto ao modelo de desenvolvimento.
“A opinião da CTB é que nós precisamos disputar a política que se define no Copom, a política macroeconômica, o câmbio brasileiro e no superávit primário e nas taxas de juros, que são as variáveis centrais que acabam definindo tudo na economia”, disse o dirigente.
E acrescentou: “Acho que os três governos conseguiram, em alguma medida, distribuir renda, valorizar o trabalho, aprovar a política do salário mínimo, mas nós chegamos numa situação de um limite estratégico que está realmente vinculado a esses elementos. E que acaba sendo um impeditivo dos maiores avanços que os trabalhadores podem ter, o aumento na qualificação dos trabalhadores, a valorização da sua mão de obra, uma política de investimentos e de fortalecimento da indústria que possa abrir para o Brasil um novo horizonte de desenvolvimento”, completou.
Próximos eventos
As próximas palestras acontecem nos dias 20 e 27 de maio, serão referentes à reforma urbana e à economia e ao desenvolvimento, respectivamente, ambas às 16h30, no Plenário 4, Anexo II, da Câmara dos Deputados.
Por Daiana Lima, do Portal CTB