CUT recebe jovens alemães em conversa sobre o futuro do sindicalismo

Grupo que representa diversos ramos de trabalho da Alemanha veio ao Brasil trocar experiências e conversar sobre a renovação do movimento sindical

O teletrabalho, as plataformas, a ilusão de que trabalho precário é empreendedorismo e as formas de renovar o sindicalismo foram alguns dos temas convergentes na conversa que dirigentes da CUT Nacional e da CUT São Paulo fizeram nesta sexta-feira (9), com um grupo de jovens alemães de diversos ramos como metalúrgicos, ferroviários e educação que visitaram a sede Central, na capital paulista.

O grupo formado por estudantes de curso superior, que atuam no sindicalismo, faz parte do coletivo de juventude e também da DGB, a central sindical alemã. Atentos, os visitantes quiseram detalhes das formas de financiamento sindical do Brasil, como funcionam as secretarias e ramos da CUT e especialmente como o sindicalismo brasileiro está preparando a sua renovação, já que há resistência de parte dos trabalhadores em se organizarem e se filiarem a sindicatos por terem “comprado” o discurso do neoliberalismo econômico de que, sem vínculo empregatício, eles são empreendedores. Situação parecida na Alemanha, apesar de em menor grau.

O secretário-Geral da CUT Nacional, Renato Zulato, fez um breve histórico da CUT, que nasceu em 28 de agosto de 1983, de um grupo jovem de trabalhadores nas décadas de 1970/1980, que lutava contra a ditadura militar. Ele chegou aos dias atuais explicando as perdas dos trabalhadores após o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016 e que só piorou com a ascensão da extrema direita com a posse de Jair Bolsonaro na presidência da República.

“Depois do governo Bolsonaro, que quis acabar com o movimento sindical, estamos agora num outro momento, reformando com o governo Lula, criando vários conselhos, de saúde, de educação, da indústria. Então, nós estamos reconstruindo o Ministério de Trabalho, juntamente com o ministro Luiz Marinho, que foi presidente da CUT”, contou Zulato.

O papel da Juventude

A secretária da Juventude da CUT Nacional, Cristiana Paiva Gomes, que está no Rio de Janeiro para participar do Y20, grupo irá apresentar as questões da juventude junto ao G20, esteve presente online e explicou a organização dos jovens cutistas.

“A gente se reúne, traça estratégias, faz nosso planejamento e pensa o que e como faremos ao longo do ano. É claro que nem sempre sai como esperado, porque a gente tem uma conjuntura no Brasil muito difícil e que muda muito rapidamente”, disse Cristiana.

A dirigente contou ainda que atualmente o maior desafio tem sido representar os trabalhadores informais, os de aplicativos, formados principalmente por jovens.

“Um dos nossos principais objetivos é encontrar formas de se fazer uma organização sindical mais atrativa para esses jovens. Isso sempre foi e está sendo para nós um grande desafio como organização”, completou Cristiana.

Também participou de forma online a secretária da Juventude da CUT-SP., Joice Jaqueline Lopes dos Santos que ressaltou a responsabilidade da juventude em levar adiante toda a luta, toda a trajetória da CUT.

“A gente sabe que não foi fácil, porque o que nós conquistamos hoje foi muita luta dos jovens que passaram mais tempo no sindicalismo e ainda hoje estão aqui. Nossa tarefa é dar seguimento aos que esses companheiros fizeram”, disse.

Já o secretário de Administração e Finanças da CUT Nacional, Ariovaldo de Camargo ressaltou a necessidade de a entidade se adequar à linguagem para os jovens, especialmente no que se refere à tecnologia, e abrir mais oportunidades para que eles participem do movimento sindical.

“Queremos abrir mais espaço para a juventude e a ideia é chegarmos a 10% de delegados na CUT. No último congresso chegamos a atingir 8%. Portanto, nós estamos muito próximos de atender esse desejo da juventude, mas ainda estamos muito distantes. De fato, a juventude precisa se apropriar dos espaços de poder, inclusive, das estruturas sindicais”, afirmou Ariovaldo.

Para a jovem de 23 anos, a alemã Kalle Bachmann, da Union Gew, Gewerbschaft Erziehung Wissenschaft, da área da educação, a troca de experiências confirmou que os desafios tanto para os brasileiros como os alemães, são muito parecidos.

“Eu gostei muito porque temos uma experiência parecida, por exemplo, com a unidade no trabalho, mas também as dificuldades para atrair mais participantes da juventude, e que nós podemos trabalhar juntos em estratégias e métodos para atrair mais membros, mais pessoas, principalmente para trazer a juventude para os sindicatos. A Alemanha e o Brasil são muito diferentes, mas nesse tema a gente tem muitas semelhanças, então é necessária a cooperação para enfrentar esses desafios”, declarou Kalle.

Também participou da reunião o secretário-geral da CUT-SP, Daniel Bispo Calazans,que falou sobre o setor metalúrgico e o papel da entidade na organização sindical no estado e no país. .

Da CUT

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