Datafolha: Bolsonaro avança, e vantagem de Lula agora é de 15 pontos no 1º turno
Bondades do Planalto ainda não impactaram voto dos mais pobres, onde petista tem grande vantagem
No início oficial de uma campanha eleitoral que já dura meses na prática, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reduziu a diferença para o líder da corrida no primeiro turno da eleição de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para 15 pontos. Em maio, a distância era de 21 pontos e, em julho, de 18.
O ex-presidente tem 47% dos votos, ante 32% do atual titular do Planalto.
A linha de largada, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, é completada por Ciro Gomes (PDT), com 7%, e um pelotão de adversários empatados perto do traço.
O instituto ouviu 5.744 eleitores em 281 cidades de terça (16), data do começo da campanha de rua, a esta quinta (18). A pesquisa, contratada pela Folha e TV Globo, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-09404/2022.
Com sua margem de erros global de dois pontos percentuais para mais ou menos, o levantamento mostra que Lula ainda mantém chances de ganhar no primeiro turno por uma margem estreita.
Ele soma 51% dos votos válidos, excluindo os 6% de brancos e nulos, que é a forma com que a Justiça Eleitoral contabiliza o resultado final —vence quem tiver 50% mais um voto no dia 2 de outubro.
Em relação à pesquisa anterior, feita em 27 e 28 de julho, o cenário é um pouco mais favorável para os estrategistas do presidente, mas ainda não o esperado.
Lula se manteve com os mesmos 47%, enquanto Bolsonaro avançou três pontos, mantendo uma curva suavemente ascendente apesar de a oscilação estar perto do limite da margem de erro.
Bolsonaro apostou suas fichas no Auxílio Brasil, cuja primeira parcela começou a ser paga no dia 9, e nas sucessivas reduções de preço de combustíveis operadas pela Petrobras após o presidente intervir na chefia da estatal.
Resultado entre os mais pobres, aqueles que ganham até 2 salários mínimos e formam 51% da amostra do Datafolha, não foi ainda claro: Bolsonaro manteve os 23% que havia conquistado na rodada anterior. Lula, por sua vez, oscilou positivamente um ponto, para 54%.
A margem de erro específica desse segmento é de três pontos percentuais, a mesma da faixa de 2 a 5 mínimos, que compõe 33% da amostra e de onde sai a melhor notícia para Bolsonaro neste levantamento: ele subiu sete pontos, empatando tecnicamente com Lula, a quem bate por 41% a 38%.
Aqui, uma explicação possível é a sobreposição do estrato com o dos evangélicos, 25% do eleitorado nesta amostra. Entre eles, o presidente avançou ainda mais, subindo de 43% para 49%, enquanto o petista oscilou de 33% para 32%. O impacto das reduções de energia também é fator a ser considerado.
Já o investimento que Bolsonaro fez no período um grande no eleitorado feminino, no qual historicamente tem dificuldades, perdeu o ímpeto mostrado na pesquisa de julho: ele oscilou de 27% para 29%, enquanto Lula foi de 46% para 47%,
Bolsonaro colocou sua mulher, Michelle, em palanques e eventos de campanha. Evangélica e dona de retórica que associa o PT ao diabo, ela apela a esse público.
No corte regional, o ex-presidente segue rei no Nordeste (27% da população com direito a voto), batendo o atual por 57% a 24%. Foco das campanhas nessa primeira etapa, o populoso Sudeste (43% da amostra) ainda dá folga ao petista: 44% a 32% de Bolsonaro.
No Sul (14% dos ouvidos), o presidente supera o petista por 49% a 43%, mantendo vantagem no Centro-Oeste (7% dos ouvidos), batendo Lula por 42% a 36%. Já no Norte (8% dos eleitores), há empate com Bolsonaro à frente (43% ante 41%).
Quando o Datafolha questiona o entrevistado de forma espontânea acerca de seu voto, sem mostrar a lista de candidatos, Lula é o mais citado com 40%, seguido por Bolsonaro (28%). Dizem não estar decididos sobre o voto 22%.
A pesquisa também indica que a campanha continuada de Bolsonaro contra o sistema eleitoral e a reação da sociedade civil, empresariado e classe política expressas em cartas pela democracia e na ovação a Alexandre de Moraes em sua posse à frente do TSE, mexeu pouco com o ânimo do eleitorado em geral.
Entre os mais ricos, supostamente com maior acesso a informação, Lula avançou entre os mais ricos (renda superior a 10 salários mínimos), passando de 33% para 40%, empatando com Bolsonaro, que oscilou de 44% para 43%. Esse eleitorado responde só por 3% da amostra, e a margem de erro específica é mais alta, de seis pontos.
Já entre os mais escolarizados, há um empate no limite da margem de erro, com Lula marcando 40% e Bolsonaro, 36%. Esses eleitores com diploma de curso superior são 22% da amostra.
O petista tem vantagem mais ampla entre quem tem até o fundamental (55% a 27%, 31% dos ouvidos) e entre os 46% que fizeram o ensino médio (44% a 34%).
A disputa fora da dianteira segue o mesmo padrão dos últimos meses. Ciro estacionou em 7%, ante 8% do levantamento passado. Confirmada candidata da chamada terceira via, com apoio do alquebrado PSDB e do Cidadania, Simone Tebet (MDB) patina nos mesmos 2%.
Ela perdeu companheiros de lanterna, como André Janones (Avante), que desistiu da disputa para apoiar Lula, e Pablo Marçal (Pros), que por ora está fora por uma decisão no mesmo sentido de seu partido que ainda está sub judice.
Completam o quadro Vera Lúcia (PSTU, com 1%). Leonardo Péricles (UP), Felipe D’Ávila (Novo), Soraya Thonicke (UB), Eymael (DC), Roberto Jefferson (PTB) e Sofia Manzano (PCB) não pontuam.
Em relação à pesquisa anterior, deixaram a disputa Janones, Luciano Bivar (UB) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Podemos), os dois últimos nunca pontuaram. Entrou na disputa Jefferson, que está em prisão domiciliar, e a senadora Thronicke.