Desafios e necessidades da educação de jovens e adultos no Brasil
Na última quarta-feira (10/7), a Subcomissão Permanente para Acompanhar as Políticas de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA) reuniu senadores e especialistas para discutir os desafios enfrentados pela Educação de Jovens e Adultos (EJA). Entre os problemas apontados estão o baixo financiamento, a fragmentação da governança e a insuficiência de oferta frente à demanda.
A EJA, anteriormente conhecida como supletivo, abrange os ensinos fundamental e médio e é voltada para jovens a partir dos 15 anos, adultos e idosos que não concluíram a educação básica. Esta modalidade é oferecida tanto na rede pública quanto na privada e inclui opções de cursos online.
A senadora Janaína Farias (PT-CE), presidente da subcomissão, destacou a necessidade de uma política pública mais robusta e estratégica para sanar a dívida histórica do Brasil com a educação desse público. Ela enfatizou que é essencial unir esforços entre governos, sociedade civil e movimentos sociais para garantir uma educação de qualidade para todos.
Wagner Santana, consultor de Educação da UNESCO, ressaltou a urgência de maior investimento e melhor governança na EJA, apontando que a negligência dessas políticas aprofunda as desigualdades sociais. Ele destacou que a falta de prioridade para a EJA se reflete no baixo percentual do orçamento educacional destinado a esta modalidade.
Débora Cristina Jeffrey, professora e diretora da Faculdade de Educação da UNICAMP, afirmou que tornar a EJA uma prioridade nas agendas educacionais é fundamental para superar as desigualdades educacionais, raciais e socioeconômicas. Ela apontou que a EJA deve ser uma agenda pública que envolva esforços coletivos para promover a transformação social de grupos marginalizados.
Gilvanice Barbosa da Silva Musial, líder do Grupo de Pesquisa Educação de Pessoas Jovens e Adultas e Idosas, alertou sobre o fechamento de escolas de EJA e a falta de estratégias eficazes para garantir acesso e permanência na educação para jovens e adultos. Ela destacou as disparidades raciais no acesso e conclusão do percurso escolar, reforçando a necessidade de ações específicas para corrigir essas desigualdades.
Analise de Jesus da Silva, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou a urgência de aprovar políticas públicas eficazes para a EJA, alertando que não se pode esperar mais uma década para resolver o problema do analfabetismo no país.
Por fim, Mariângela Graciano, representante do Ministério da Educação, sublinhou a importância do Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação da Educação de Jovens e Adultos, que busca unir diferentes atores e segmentos da sociedade para garantir direitos educacionais para todas as pessoas a partir dos 15 anos. Ela ressaltou que as ações do pacto reconhecem a diversidade de grupos etários, culturais e contextos, promovendo uma educação inclusiva e de qualidade.
Por Vitoria Carvalho, estagiária sob supervisão de Romênia Mariani