Desemprego na América Latina vai ao menor nível, mas OIT aponta riscos e desafios

São Paulo – A taxa de desemprego urbano na América Latina e Caribe chegou a seu menor nível histórico, segundo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mas a boa notícia é mitigada pela redução da atividade econômica na região, o que evidencia alguns riscos. “Alguns indicadores trabalhistas se mantiveram, outros variaram modestamente. Se essa situação se estende e piora, existe o risco de que o desemprego volte a aumentar e se aprofundem as lacunas de trabalho decente e informalidade”, diz relatório do escritório regional da OIT, divulgado na terça-feira (17).

A taxa estimada de desemprego é de 6,3% ao final de 2013, praticamente igual à do ano passado (6,4%). “É uma boa notícia para uma região que uma década atrás tinha uma taxa de dois dígitos (11,1% em 2003). Mas em 2013 ficou evidente a forma com que a perda de dinamismo econômico tem impacto no mercado de trabalho.”

O número de desempregados é estimado em 14,8 milhões de desempregados, sendo 7,1 milhões de homens e 7,7 milhões de mulheres, para um total de 230 milhões de trabalhadores. Segundo a OIT, há pelo menos 130 milhões de pessoas na informalidade. De cada dez trabalhadores, ao menos três “não têm acesso a nenhum tipo de cobertura de proteção social”.

O levantamento também capta jornadas de trabalho bastante distintas. Na Argentina, por exemplo, 30% da mão de obra excede 45 horas semanais, no México 29% fazem mais de 48 horas, e no Peru (região metropolitana de Lima) 37% superam as 50 horas.

Com previsão de “aumento moderado” de 2,7% este ano, a OIT observa que para o próximo o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta alta leve, de 3,1%, em um cenário de incerteza para a economia mundial. “Se esse prognóstico se cumpre, a taxa de desemprego urbano se manteria no mesmo nível deste ano”, diz a entidade. “Qual é o tamanho do desafio? Será necessário criar ao menos 43,5 milhões de empregos na próxima década para consolidar a baixa taxa de desemprego alcançada pela região nos últimos anos e evitar que ela ultrapasse os 7%.”

A entidade lembra ainda que os salários crescem em ritmo menos intenso, “a informalidade não se reduz, a produtividade cresce menos que a média mundial e aumenta a desocupação dos jovens nas áreas urbanas”. A taxa de desemprego juvenil passou de 14,2%, em 2012, para 14,5%. O percentual corresponde a aproximadamente 6,6 milhões de jovens desempregados.

Segundo o relatório, nos nove países com informações disponíveis até o terceiro trimestre de 2013, houve crescimento “modesto” de 1% na remuneração média, ante 2,1% em igual período de 2012. “Contribuiu para essa desaceleração a perda de dinamismo econômico e, em parte, o fato de que os salários mínimos cresceram menos.”

Com 20 anos da divulgação do relatório, a OIT afirma que há dois períodos perfeitamente distintos. O primeiro, de 1994 a 2003, de instabilidade e perdas nas principais variáveis, incluindo forte aumento do desemprego urbano, que superou os 11%. “Foram dez anos de altos e baixos, de crescimento sem emprego”, afirma. Já o segundo momento, de 2004 a 2013, “se caracterizou por crescimento econômico com emprego (com exceção de 2009, pelo impacto da crise financeira internacional) e melhoras nos indicadores trabalhistas, ainda que esteja pendente o objetivo de melhorar a qualidade dos empregos”.

A estimativa é de que as economias de América Latina e Caribe crescerão 2,7% este ano, em média. “Ainda que seja o quarto ano de expansão depois da contração de 2009, a tendência do crescimento foi de baixa. Depois de uma recuperação vigorosa de 6% em 2010 e 4,6% em 2011, o crescimento em 2012 foi de 2,9%”, relata a OIT. Além disso, o crescimento nos dois últimos anos permaneceu abaixo da média mundial, algo que não ocorria desde 2003, também com exceção de 2009. “O crescimento do consumo seria o fator dominante do crescimento da região, ainda que em menor medida do que em 2012. Do ponto de vista do consumo privado, o menor ritmo de crescimento pode atribuir-se a uma menor criação de empregos e à evolução dos salários reais, enquanto o consumo do governo também desacelerou.”

Enquanto se projeta crescimento para a região de 2,7% este ano e 3,1% no próximo, no caso do Brasil as estimativas são de 2,5% agora e em 2014. No país, que representa 40% da população economicamente ativa, a expectativa é de que a taxa de desemprego se mantenha estável, caindo de 5,7% em 2012 para 5,6% este ano (médias de janeiro a setembro), também no menor nível histórico. Nesta quinta-feira (19), o IBGE divulga a pesquisa referente a novembro. No mesmo dia, sai a pesquisa mensal da Fundação Seade e do Dieese sobre mercado de trabalho

Da Rede Brasil Atual

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