Desigualdade prejudica inserção da mulher no mercado de trabalho

Avaliação foi feita pela economista Marilane Oliveira Teixeira, do Cesit/Unicamp, durante o 3º Encontro Nacional de Mulheres Bancárias

A inserção historicamente privilegiada dos homens em relação às mulheres é o principal aspecto relacionado à desigualdade de gênero no mercado de trabalho. A avaliação foi feita pela economista, pesquisadora do Cesit/Unicamp e assessora sindical Marilane Oliveira Teixeira, no painel sobre “Articulação entre Trabalho Produtivo e Trabalho Reprodutivo”, apresentado na terça-feira (26), no 3º Encontro Nacional de Mulheres Bancárias, que se encerra nesta quarta (27), em Cajamar, no interior de São Paulo.

Para a pesquisadora, o problema não está na recuperação econômica, que tem sido favorável nos últimos anos, com considerável geração de postos de trabalho. A questão central está na inserção do homem num contexto bem mais favorável que o das mulheres.

Segundo Marilane, o capitalismo acentuou a disparidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho ao considerar inconciliável a atividade feita em casa e fora por uma única pessoa que seria responsável ao mesmo tempo pela reprodução social e mercado de trabalho.

“Se parte da reprodução da força de trabalho é exercida gratuitamente no âmbito doméstico, parte dos meios necessários para se produzir a força de trabalho também é gratuita. Por este motivo, a força de trabalho também se reduz”, explica Marilane.

A especialista ainda destaca que há posicionamentos divergentes sobre o trabalho realizado no mercado de trabalho e o trabalho doméstico dentro da produção capitalista. Enquanto o primeiro é percebido como um processo de acumulação e benefícios, o segundo é destinado ao bem estar das pessoas e tem como validade a redução das tensões que se estabelece nom próprio ambiente de mercado.

“A resposta que precisamos dar não está na dinâmica do mercado de trabalho, mas sim porque ao considerarmos a população não economicamente ativa de mulheres 84% delas estão na faixa etária de 25 a 39 anos?”, questiona Marilane. “Em compensação, ao consideramos a faixa etária entre 16 a 24 anos, o número é reduzido para 63%”, completa.

Para ela, a explicação está possivelmente associada ao período reprodutivo, o que impulsiona o debate sobre a falta de políticas públicas que falharam ao tentar reinserir as mulheres no mercado de trabalho.

“A evolução das mulheres no mercado de trabalho nos últimos quinze anos é irrisória. Entre 1998 e 2011 passou de 40,9% para 42%. Praticamente estacionou. Precisamos incluir a dinâmica da reprodução social como compartilhamento e discussão de política pública. O fato de ser mulher não pode representar tratamento desigual no mercado de trabalho. Homens e mulheres podem se reinserir com igualdade, e também do ponto de vista social”, conclui Marilane.

Da CUT

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