Dia internacional do trabalhador e da trabalhadora | Por Augusto César Petta
Por Augusto César Petta*
O dia 1 de maio de 2012 será marcado pela luta que as Centrais Sindicais travam atualmente no país – representando as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros – pelo “Desenvolvimento com menos juros, mais salários e empregos”. Este é o lema, que virá acompanhado por outras bandeiras de luta fundamentais da classe trabalhadora: redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salários; reforma agrária; valorização do serviço público e do trabalhador do serviço público; continuidade do processo de redução da taxa de juros; fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias.
Também haverá destaque nos atos de São Paulo e de todo o Brasil para o movimento Grito de Alerta, que se desenvolve, combatendo o processo de desindustrialização que atinge o nosso país.
O Presidente da CTB Wagner Gomes afirma que “o projeto de desenvolvimento que defendemos exige uma indústria forte, com bons empregos, que valorizem o trabalhador e a trabalhadora. O 1 de maio é um dia de festa, mas também é uma data para refletirmos sobre o país que queremos para o nosso futuro”.
Quando tratamos desta data tão significativa para os trabalhadores e para as trabalhadoras, é muito importante relembrar o seu significado.
Em 1886, a cidade de Chicago, um dos principais pólos industriais dos Estados Unidos, foi palco de importantes manifestações operárias. No dia 1° de maio, iniciou-se uma greve por melhores salários e condições de trabalho, tendo como bandeira prioritária a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Os jornais a serviço das classes dominantes, imediatamente se manifestaram afirmando que os líderes operários eram cafajestes, preguiçosos e canalhas. No dia 3 de maio, a greve continuava, e na frente de uma das fábricas, a polícia matou seis operários, deixando 50 feridos e centenas de presos. No dia 4, houve uma grande manifestação de protesto e os manifestantes foram atacados por 180 policiais, que ocasionaram a morte de centenas de pessoas. Foi decretado “Estado de Sítio” e a proibição de sair às ruas. Milhares de trabalhadores foram presos, muitas sedes de sindicatos incendiadas e residências de operários foram invadidas e saqueadas. Os principais líderes do movimento grevista foram condenados à morte na forca. Spies, Parsons, Engel e Fisher foram executados no dia 11 de novembro de 1886, enquanto que Lingg, também condenado, suicidou-se.
Em 1891, no 2° Congresso da Segunda Internacional, realizado em Bruxelas, foi aprovada a resolução histórica de estabelecer 1° de maio, como um “dia de festa dos trabalhadores de todos os países, durante o qual os trabalhadores devem manifestar os objetivos comuns de suas reivindicações, bem como sua solidariedade”.
No Brasil, as comemorações do 1° de maio, também estiveram relacionadas à luta por melhores salários e pela redução da jornada. A primeira manifestação registrada ocorreu em Santos, em 1895. A data foi consolidada , quando um decreto presidencial estabeleceu o 1° de maio como feriado nacional, em 1925. A efeméride ganhou status de “dia oficial”, quando Getúlio Vargas era Presidente da República. Ele aproveitou o dia para anunciar, em anos diferentes – fruto de intensas lutas dos trabalhadores e trabalhadoras – os reajustes de salários mínimos e a redução da jornada.
Em 2012, serão realizadas várias manifestações, em todos os Estados, coordenadas pelas Centrais Sindicais, inclusive a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB. As Centrais Sindicais aproveitarão a oportunidade do contato com milhões de trabalhadores e trabalhadoras para,durante os atos, definirem um calendário de lutas.
Para o êxito do 1 de maio de 2012 , é necessário que as entidades sindicais participem intensamente do processo de organização e de mobilização, esclarecendo, aos trabalhadores e trabalhadoras, o significado da data , as principais reivindicações que serão apresentadas e o calendário de lutas.
* Augusto César Petta é professor, coordenador técnico do Centro de Estudos Sindicais (CES) e ex-presidente da CONTEE.