Diretor da Contee participa de audiência sobre Novo Ensino Médio
Coordenador da Secretaria de Organização Sindical, Relações de Trabalho, Relações Institucionais e Juventude, Elson Simões Paiva representou a Confederação no debate, defendeu revogação do NEM e apontou interesses privatistas por trás da reforma
O coordenador da Secretaria de Organização Sindical, Relações de Trabalho, Relações Institucionais e Juventude, Elson Simões Paiva — também presidente do Sinpro-Rio —, participou, nesta segunda-feira (3), de audiência pública da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados sobre o impacto do novo Ensino Médio na Vida dos Trabalhadores da Educação no Estado do Rio de Janeiro. A audiência foi convocada por iniciativa do deputado Reimont (PT-RJ).
Elson lembrou que o movimento de reformulação do ensino médio “começou lá atrás, com o governo da companheira Dilma”. “Só que aí veio o golpe de 2016. E a direita, de maneira sorrateira e golpista, assume o poder e pega para si esse debate que era democrático.”
Isso aconteceu, como ressaltou o diretor da Contee, com o apoio desses “grupos de Todos Pela Educação Privada — porque esse é o verdadeiro nome desse grupo”, de modo que o debate avançou sem participação popular durante o governo de Michel Temer (MDB). Assim construíram “construir esse grande monstro que temos hoje”.
Acentuar a desigualdade educacional
O objetivo primordial, segundo Elson, foi “acentuar a diferença entre os alunos da escola pública pobres dos alunos que têm dinheiro na escola privada”. “Porque até os alunos que são pobres e estão na escola privada estão sofrendo do mesmo jeito que os alunos da escola pública.”
Ele destacou que a finalidade da direita e dos privatistas ao reduzir uma série de disciplinas é basicamente “formar mão de obra barata”. “Basta ler, escrever e fazer as operações, mesmo que tenha 18 anos de idade”, denunciou. “Quem quiser faz um curso técnico. E aí vêm os sistemas S da vida oferecendo qualificação para essa mão de obra barata. O Sistema S também entra como um elemento que gostou da reforma do ensino médio.”
‘Produto’ de menor qualidade
Para Elson, a direita começou a observar que “o que ela queria para a sociedade excludente estava funcionando”. Contudo, “para a sociedade que eles queriam que ficasse privilegiada, o Novo Ensino Médio, que teria que ser implementado em todas as escolas — sejam as escolas de santos e de nossas senhoras da vida, sejam as de grupos econômicos que já estão tomando conta da educação básica privada, depois de tomarem conta de todo o ensino superior privada —, começaram a perceber que os pais questionavam esse modelo, não por causa de uma educação ‘menor’, mas por estar recebendo um ‘produto’ de menor qualidade pelo mesmo preço que pagava antes”.
Por isso é que agora, na opinião de Elson, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exigiu que fosse aberto o debate, “o próprio Todos Pela Educação Privada começou a concordar que o Novo Ensino Médio não deu certo” e a querer uma reformulação. “Não é o que queremos. Queremos a revogação do Novo Ensino Médio e um debate para uma nova estruturação, sim, mas um debate democrático, em que todos os entes da sociedade sejam escutados.
Perdas trabalhistas
O diretor da Contee também ressaltou que é preciso levar em conta os prejuízos que trabalhadores da educação tiveram, incluindo perda de carga horária. “A qualidade de trabalho dos professores é diretamente relacionada à qualidade de educação que é apresentada para os alunos e para a sociedade, seja na educação púbica, seja na educação privada.”
Assista à audiência na íntegra (a fala de Elson Paiva começa aos 26’):
Táscia Souza