“É fundamental esclarecermos para a sociedade sobre as penúrias da educação privada”

“Nós temos preocupações na área da saúde. Hoje a gente recebe dúvidas de pessoas que se formam e têm muitas dificuldades de tomadas de decisões que são coisas simples”, lastimou a professora Liliane Silva do Nascimento, que é doutora em Saúde Pública pela USP/RP e diretora da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Liliane, que também é avaliadora no Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Basis) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), foi a entrevistada desta segunda-feira (8) no Contee Conta, que tratou sobre os interesses por trás do ensino superior deficitário. A docente explicou a importância da regulamentação do ensino superior, sobretudo na modalidade à distância (EaD) — uma vez que há práticas que precisam da atividade presencial —, e pontuou ainda sobre a importância da valorização do/a professor/a.

A professora fez fortes críticas ao estudo on-line na área de saúde. “Existem cartas de repúdio de algumas áreas de que não é possível ensinar de forma on-line algumas matérias”. Liliane ressaltou que isso não envolve o debate instituições públicas x privadas, focando mais na questão da diretriz curricular. Por sua vez, o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, destacou a precarização das relações de trabalho no ensino. “Temos problemas da qualidade da formação, das relações construídas no ambiente acadêmico. Os professores estão dando aulas para milhares de pessoas sem nenhuma condição de entregar para esses formandos uma educação de qualidade”, contou Gilson.

Para Liliane, é muito importante trabalhar a formação de valores e analisar as instituições e os cursos oferecidos nelas. “Precisamos dar o nosso máximo, do que queremos e do que precisamos para o Brasil. É fundamental esclarecermos para a sociedade sobre essas penúrias da educação privada.”

Com muitos anos de atuação na área da saúde, a professora abordou a educação neste atual governo. “Temos muito o que fazer, porque fomos destruídos [nos quesitos] avaliação e a regulação, mas avalio como positiva a perspectiva de abrir diálogo. Diante do cenário de desolação que nós tivemos, na avaliação ainda precisa de mais apropriação e ampliação deste espaço regulatório tão importante para o ensino privado e público”, opinou Liliane.

Além de falar sobre a defasagem da modalidade EaD, a conversa trouxe a visão da grande importância de pressionar o Estado para fiscalizar e regulamentar não só o ensino superior privado, mas também o público, tanto nas universidades federais quanto nas estaduais.

Assista à íntegra do programa:

Vitoria Carvalho, estagiária sob supervisão de Táscia Souza