Economia acima de tudo, lucro acima de todos: empresários pelo fim do isolamento
Mesmo com o aumento vertiginoso de casos da covid-19, protestos de empresários pelo fim do isolamento seguem acontecendo
Na última segunda-feira, (18) o Brasil atingiu a marca de 262.545 casos de coronavírus. Porém, no início da pandemia, quando o número de casos ainda não era tão elevado, empresários brasileiros se manifestaram publicamente contra as medidas de isolamento social para conter o avanço da doença. Apoiadores de Jair Bolsonaro (sem partido), eles seguiram a linha do presidente de desacreditar a doença. Mesmo com o aumento vertiginoso do número de casos, muitos deles mantiveram seus posicionamentos.
Para empresários como Luciano Hang das Lojas Havan, Roberto Justus, Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero, e Marcelo de Carvalho, da Rede TV, a pandemia não deveria ser alvo de grande preocupação: pessoas com boa imunidade não seriam afetadas, as mortes no Brasil seriam menores que na Itália, e que por isso, as pessoas deveriam “continuar trabalhando”.
“O Brasil não pode parar dessa maneira. O Brasil não aguenta. Tem que ter trabalho. As pessoas têm que produzir, têm que trabalhar. As consequências que nós vamos ter economicamente, no futuro, serão muito maiores do que as pessoas que vão morrer agora com coronavírus” afirmou Junior Durski, dos restaurantes Madero, em uma de suas redes sociais.
Já Luciano Hang, conhecido apoiador de Bolsonaro desde antes da eleição, em entrevista ao portal UOL defendeu redução de salários e liberação do FGTS para minimizar o impacto do coronavírus à economia brasileira. “O dano vai ser muito maior do que na pandemia. Desligar (a economia) é fácil, mas como vamos voltar?”.
Na sequência dos relatos, empresários alinhados com a posição do presidente Bolsonaro – que também é contra as medidas de restrição impostas pelos governadores -, saíram às ruas em carreatas organizadas em diversas capitais, pedindo o fim do isolamento horizontal. Em ato inédito, o próprio presidente liderou uma dessas manifestações no último dia 7 de maio, quando, junto a ministros e empresários, caminhou à pé ao Supremo Tribunal Federal, para visita surpresa cuja pauta era as demandas do setor produtivo. Nesse dia, o Brasil havia contabilizado mais de 9 mil pessoas mortas pela covid-19.