Embraer e Boeing confirmam tratativas entre as empresas

Bruno Bocchini

Em comunicado conjunto publicado pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (Securities and Exchange Commission), a Embraer e Boeing informaram hoje (21) que estão em tratativas a respeito de uma “potencial combinação”. De acordo com o texto, as bases da negociação ainda estão em discussão.

Segundo o comunicado, não há garantia de que as conversações irão ter resultado efetivo. “Não há garantias de que estas discussões resultarão em uma transação. Boeing e Embraer não pretendem fazer comentários adicionais a respeito das discussões”, diz o texto.

O comunicado informa ainda que a transação estaria sujeita à aprovação do governo e agências reguladoras do Brasil, bem como dos respectivos conselhos e dos acionistas da Embraer.

De acordo com notícia do The Wall Street Journal, publicada hoje, a companhia americana pretende assumir o controle da Embraer. Segundo a reportagem, a Embraer receberia um ágio relativamente alto pelo negócio.

Metalúrgicos

A possibilidade da venda da empresa brasileira foi repudiada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. Para a entidade, que representa os trabalhadores da companhia, a Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro.

“Exigimos que o governo federal vete a venda e, enfim, reestatize a Embraer como forma de preservar e retomar este patrimônio nacional”, destacou em nota.

Segundo o sindicato, a Embraer emprega hoje cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil. “[A empresa] já vinha adotando uma profunda política de desnacionalização da produção. A venda para a Boeing vai comprometer esses postos de trabalho e a própria permanência da fábrica no país”.

Mercado

Após a confirmação pelas empresas da negociação em curso, as ações da Embraer na B3, antiga BM&F Bovespa, terminaram o pregão com 22,5% de valorização, a maior do dia, custando R$ 20,20. O índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) fechou em elevação de 2,41%, aos 75.113,4 pontos.

Confira a íntegra da nota do sindicato:

A possibilidade de compra da Embraer pela norte-americana Boeing, conforme noticiado pela imprensa, nesta quinta-feira (21), é repudiada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas.

Única fabricante brasileira de aviões e terceira maior do setor no mundo, a Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro. Exigimos que o governo federal vete a venda e, enfim, reestatize a Embraer como forma de preservar e retomar este patrimônio nacional.

Ainda segundo informações divulgadas pela imprensa, a concretização das negociações depende da palavra do governo, que detém ações de classe especial (golden share) da Embraer. Isto mostra que as negociações já vêm de longo tempo, longe dos olhos da população.

A Embraer emprega hoje cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil e já vinha adotando uma profunda política de desnacionalização da produção. A venda para a Boeing vai comprometer esses postos de trabalho e a própria permanência da fábrica no país.

É importante relembrar que, no dia 19 de julho, o Ministério da Fazenda solicitou consulta ao Tribunal de Contas da União sobre a possibilidade de abrir mão das ações golden share da Embraer, Vale e IRB-Brasil Resseguros. Sem essas ações, o governo perde o poder de veto sobre essas empresas.

No caso da Embraer, a golden share confere poder de veto em questões como venda, programas militares e acesso à tecnologia.

Como representante dos trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos reafirma sua posição em favor do veto à venda da Embraer e sua reestatização.

Agência Brasil e Sindicato dos Metalúrgicos

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