Ensino básico é novo alvo do setor privatista

“A educação básica será o próximo alvo no processo de consolidação do setor de ensino privado que foi puxado pelas instituições de ensino superior nos últimos anos, de acordo com Ryon Braga, fundador e presidente do conselho da consultoria Hoper Educação.” Esse foi o foco de matéria publicada nesta sexta-feira (10) pelo jornal Valor Econômico, segundo o qual as instituições privadas desse segmento, que compreende educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, movimentaram R$ 33,9 bilhões em 2012. A Hoper estima um crescimento de 15,6% em 2013, para R$ 39,2 milhões.

A investida do setor privatista, denunciada reiteradas vezes pela Contee, tem sido acintosa, inclusive no Congresso Nacional. Nesta semana, foi aprovada na Câmara a Medida Provisória que inclui as instituições privadas no Pronatec, o que aumenta a preocupação quanto a um modelo já visto com ressalvas, uma vez que transformou o Sistema S quase que no único responsável pelo ensino profissional e técnico no Brasil, sem regras claras para a transferências de recursos públicos. Além disso, no ensino superior, a educação privada sofre um processo de financeirização e desnacionalização cujo capítulo mais recente, grave, foi o anúncio da fusão entre Kroton e Anhanguera. Isso sem falar nas tentativas de desoneração das folhas de pagamento não só das instituições de ensino superior, mas também das de educação básica, sob a falsa alegação de dificuldades financeiras no setor – o que é claramente desmentido pela reportagem do Valor.

Segundo a matéria, as matrículas no ensino básico privado vêm crescendo no Brasil nos últimos anos, enquanto a trajetória é de queda no setor público. Em 2012, haviam 7,2 milhões de alunos matriculados na rede particular de ensino básico, e a Hoper estima que esse número chegue a 7,7 milhões em 2014. Além disso, desde 2007, houve 200 aquisições no segmento, que deve crescer 13% este ano e movimentar R$ 32 bilhões.

Outro ponto abordado pelo jornal é o avanço dos grandes grupos no terreno do ensino a distância (EaD), o que dificulta a sobrevivência das pequenas instituições. “Segundo Braga, o curso a distância canibaliza até 20% do presencial, ou seja, tornou-se um concorrente. Em 2011, ingressaram no ensino a distância 406,5 mil alunos, um crescimento de 22,4% em relação ao ano anterior. Em 2005, eram apenas 127 mil”, diz a matéria.

Quem sofre é a educação pública e os trabalhadores em educação do setor privado, uma vez que a sede de lucros do empresariado não se reverte nem em valorização de professores e técnicos administrativos nem em investimentos na qualidade do ensino. A Contee é contrária aos repasses de verba pública para o setor privado, por compreender que os investimentos públicos devem ser feitos na educação pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada.

Da redação, com informações do Valor Econômico

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