Fake News atrapalham o trabalho de resgate e ajuda humanitária no estado gaúcho

Governo denuncia postagens mentirosas de influencers. Fenaj, SindJoRS e outras entidades se posicionam em repúdio às notícias falsas repassadas pela extrema-direita e criminosos

por Murilo da Silva

A situação suficientemente trágica no Rio Grande do Sul tem sido potencializada por fake news espalhadas pela extrema-direita e criminosos que tentam se aproveitar do momento.

Parte das notícias falsas tentam descredibilizar a atuação do governo federal, estadual e até mesmo das Forças Armadas, induzindo à população acreditar que as autoridades têm dificultado ou negado ajuda.

Como forma de combater estas mentiras que têm atrapalhado ações de salvamento e ajuda humanitária, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República pediu ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que a Polícia Federal apure os casos.

Em ofício, o ministro da Secom, Paulo Pimenta, indica que “a propagação de falsidades pode diminuir a confiança da população nas capacidades de resposta do Estado, prejudicando os esforços de evacuação e resgate em momentos críticos. É fundamental que ações sejam tomadas para proteger a integridade e a eficácia das nossas instituições frente a tais crises”.

No documento constam postagens do jornalista Thiago Asmar, do deputado federal Eduardo Bolsonaro, do senador Cleitinho Azevedo, do influenciador Leandro Ruschel e do empresário Pablo Marçal, entre outros.

O Ministério da Justiça já informou que a investigação irá apurar ilícitos ou eventuais crimes relacionados à disseminação de desinformação e a Advocacia-Geral da União (AGU) deverá acionar órgãos competentes para ações judiciais de responsabilização dos culpados.

Fake News

Como exemplo de notícia falsa denunciada pela Secom, consta “vídeo publicado no dia 05/05/2024 na plataforma X, Pablo Marçal veicula conteúdo desinformativo em relação à atuação do poder público em relação aos desastres ambientais ocorridos no Rio Grande do Sul. Dentre as afirmações contidas no vídeo, estão que “a Secretaria da Fazenda do estado está barrando os caminhões de doação”, “não estão deixando distribuir comida, marmita” e que “esse é ano político, a mídia não vai mostrar direito o que tá acontecendo, entendeu? Por causa dos políticos.”

Essa orientação da extrema-direita organizada e articulada no sentido ideológico de desacreditar as instituições neste momento trágico em que não existem diferenças políticas, mas sim união pela ajuda à população, atende aos seus próprios interesses de monetização das plataformas e pela antecipação da disputa eleitoral deste ano.

Enquanto todo o Brasil está unido e comovido pela ajuda ao Rio Grande do Sul, a extrema-direita age em causa própria, divulga mentiras contra às instituições de Estado e filma cada ação que seus atores realizam para promoção às custas do sofrimento alheio. Assim, criam mentiras e não conseguem fazer uma benfeitoria sem autopromoção, pois não entendem o básico sobre humanidade.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) denunciou em suas redes os divulgadores de mentiras. Ela classificou a situação como cruel e criminosa e indicou que por ações como esta é fundamental regular as redes.

“Bolsonaristas e espíritos de porco em geral continuam a espalhar fake news sobre o desastre das chuvas no Rio Grande do Sul. Numa situação de catástrofe humanitária, tentam tirar proveito próprio do sofrimento alheio. Mesmo desmascarados e investigados, continuam a atacar o governo federal, órgãos públicos e Forças Armadas, que não têm medido esforços para lidar com a tragédia terrível. Fazem como na pandemia, quando suas mentiras levaram à perda de incontáveis vidas. Espalhar desinformação em eventos extremos é cruel e criminoso. Regular as redes sociais é uma tarefa civilizatória.“

Força-Tarefa

No mesmo sentido, o governo do Rio Grande do Sul, a Polícia Civil e o Ministério Público (MP) estadual investigam responsáveis por fake news. Para isso foi criada uma força-tarefa de checagem e contestação das notícias falsas.

Dentre as fake news desmentidas pelo governo estadual em suas redes, estão que: a Brigada Militar estaria cobrando autorizações de voluntários para pilotar barcos e jet-skis; que presos de unidades prisionais do regime fechado de Charqueadas teriam sido soltos; e que 18 toneladas de insumos estariam trancadas em depósitos da Defesa Civil em Torres e Canoas; dentre outras.

A Polícia Civil disponibilizou canais para que denúncias de informações fraudulentas sejam feitas: delegaciaonline@pc.rs.gov.br ou WhatsApp (51 98444-0606).

Jornalistas protestam

O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS), a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e a Federação de Jornalistas da América Latina e do Caribe (Fepalc) lançaram nota para repudiar a disseminação de fake news nesse momento. As entidades observam que as notícias falsas nesse momento visam fomentar a rebelião do povo brasileiro.

No texto, os jornalistas destacam que “Pessoas, famílias, comunidades e municípios gaúchos, em situação de extrema dificuldade para sobrevivência, são alvos de notícias e conteúdos criminosos, que propagam, velozmente e com alcance massivo, mentiras e informações falsas, que tumultuam a logística de salvamento público e voluntário. Está em curso, sem precedentes, a tentativa de fomentar rebelião do povo brasileiro em meio a maior crise climática no Brasil. Big techs, gestoras e responsáveis por plataformas digitais, e órgãos da justiça, com incumbência de interpelar tais violações, estão inoperantes, em meio ao drama pela vida do povo gaúcho.”

As entidades de jornalistas informaram que tomarão as “medidas cabíveis e consequentes, na justiça brasileira, quanto à violação da comunicação como direito humano do povo gaúcho” e pedem apoio e solidariedade de outras entidades de comunicação para ampla campanha e ação legal contra a violação da comunicação como direito humano do povo gaúcho.

Do Vermelho

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