Fake news em baixa: eleitor rechaça boato de que Lula fechará igrejas
Entre os brasileiros que declaram voto em Bolsonaro, 41% confiaram no boato, enquanto 59% não acreditaram. Já entre os apoiadores de Lula, apenas 11% disseram crer na “notícia”, ao passo que 89% a rechaçaram
A campanha eleitoral de 2022 mal havia começado quando apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram emplacar o primeiro grande boato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder em todas as pesquisas de intenção de voto. De acordo com essa fake news, se Lula voltasse a governar o País, as igrejas seriam fechadas. Até mesmo pastores evangélicos se envolveram na trama.
Mas um levantamento feito pela Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), em parceria com o Ipespe, mostra que a ofensiva criminosa não colheu os resultados esperados. Conforme a pesquisa, batizada de “Termômetro da Campanha” e divulgada neste sábado (3), só mesmo a “bolha” bolsonarista é que efetivamente dá crédito à boataria.
Sem citar o nome de Lula, os entrevistadores perguntaram, por telefone, se eles acreditavam na possibilidade de “algum candidato” fechar templos. Para decepção dos apoiadores do presidente, 78% disseram que não e apenas 22% acreditaram na fake news.
E quem são os eleitores que acreditaram numa (des)informação tão absurda? Entre os brasileiros que declaram voto em Bolsonaro, 41% confiaram no boato, enquanto 59% não acreditaram. Já entre os apoiadores de Lula, apenas 11% disseram crer na “notícia”, ao passo que 89% a rechaçaram.
A confiança nas urnas eletrônicas também é majoritária, seja qual for o candidato do eleitor entrevistado. Para 60%, não existe risco de fraude na eleição. Outros 40% afirmam que pode haver fraude. Entre os eleitores de Bolsonaro, porém, a desconfiança no sistema eleitoral sobe a 62%.
Segundo Mara Telles, presidente da Abrapel, a pesquisa ganha relevância “num momento de eleições extremamente polarizadas, com farta distribuição de desinformação nas campanhas”. Segundo ela, levantamentos desse tipo são praticamente inéditos. “O Termômetro oferecerá ao público informações relevantes para que ele acompanhe de uma forma inovadora uma das eleições mais fundamentais para o futuro do Brasil”, afirma.
A pesquisa Abrapel/Ipespe ouviu 1.100 eleitores, em todo o País, de 30 de agosto a 1º de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais.