Falta de recursos compromete funcionamento de colégios de Aplicação geridos por universidades

Em um debate promovido pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, representantes do governo e de instituições de ensino abordaram os desafios enfrentados pelos colégios de Aplicação, mantidos por universidades públicas. A principal queixa gira em torno da insuficiência de recursos orçamentários, o que tem dificultado o funcionamento pleno e a manutenção da qualidade nessas escolas.

Os colégios de Aplicação, que atendem mais de 15 mil alunos em todo o Brasil, são reconhecidos por sua excelência educacional e por servirem como laboratórios pedagógicos para cursos de licenciatura. Contudo, enfrentam um problema estrutural: não recebem repasses de programas essenciais do Ministério da Educação (MEC), como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), Dinheiro Direto na Escola e Educação Conectada. Essa exclusão os coloca em uma situação de vulnerabilidade financeira.

Maristela Mosca, presidente do Conselho Nacional de Dirigentes das Escolas de Educação Básica das Instituições de Ensino Superior, destacou a gravidade da situação. Segundo ela, os recursos liberados são insuficientes para atender às necessidades dessas escolas. “Precisamos de mudanças na alocação orçamentária para garantir o funcionamento adequado. Atualmente, o que recebemos não cobre todo o escopo necessário para manter a qualidade esperada”, afirmou.

O diretor do Fundeb, Anderson Santos, corroborou as preocupações. Ele reconheceu que, embora as escolas de Aplicação sejam referência em ensino, enfrentam dificuldades financeiras que exigem maior atenção do governo federal. “Estamos conscientes da necessidade de ampliar os repasses para que possamos sustentar e melhorar a qualidade da educação oferecida por essas instituições”, declarou.

A deputada Dandara (PT-MG), que presidiu o encontro, reforçou a relevância estratégica dos colégios de Aplicação no cenário educacional do país. Para ela, investir nessas escolas é essencial não apenas para garantir a continuidade de um ensino de excelência, mas também para fortalecer as bases da educação básica brasileira. “Esses colégios têm desempenhado um papel crucial, mas estão enfrentando sérias dificuldades financeiras. Nosso objetivo é buscar alternativas para fortalecer o financiamento dessas instituições”, enfatizou.

O debate evidenciou a necessidade de uma revisão das políticas de financiamento educacional no Brasil. Enquanto não houver soluções concretas, as escolas de Aplicação continuarão lutando para manter seu papel como referência na educação básica e como espaço de inovação pedagógica dentro das universidades.

Por Vitoria Carvalho, estagiária sob supervisão de Romênia Mariani

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