“Fora, Bolsonaro” dominou o 1º de Maio Solidário, pela democracia e pelos direitos

Trabalhadores de todo Brasil provam que há mobilização mesmo em isolamento neste Dia do Trabalhador organizado pela CUT e centrais, com participação de personalidades e lideranças políticas

Milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o Brasil provaram que um mundo novo é possível, mostrando união, mobilização e luta mesmo em tempo de pandemia e isolamento social. Se lá fora, o risco de ser uma vítima do novo coronavírus é grande, aqui, nas redes sociais, o espírito de resistência ultrapassa os limites dos desafios de se manter mobilizados contra o avanço da pandemia e, principalmente, contra os impactos, agravados pela falta de sensibilidade, responsabilidade e humanidade do governo de Jair Bolsonaro.

É o que ficou comprovado com o “Fora, Bolsonaro” , palavra de ordem mais ouvida ao longo das mais de quatro horas de transmissão ao vivo neste 1° de Maio Solidário – Saúde, emprego e renda – em defesa da democracia – Um novo mundo é possível, promovido pela CUT e demais centrais sindicais (CGTB, CSB, CTB, Força Sindical, Intersindicial, NCST, A Pública e UGT), em conjunto com os movimentos sociais, representados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. A pauta de defesa da saúde, do emprego e renda, e da democracia foi divulgada para todo o mundo.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, ressaltou em sua fala a resistência dos  trabalhadores e trabalhadoras frente ao maior inimigos dos trabalhadores no Brasil, o presidente  Jair Bolsonaro, o que mais tirou direitos da classe trabalhadora em toda a história do Brasil.

“O ‘fora, Bolsonaro’ precisa ser mais do que uma palavra de ordem para nós. Bolsonaro precisa sair porque o povo não merece viver a situação que está vivendo. Merece retomar o caminho do crescimento econômico caminho da geração de emprego das políticas sociais da tranquilidade social da igualdade e da melhoria dos serviços públicos e isso virá com a luta. Só na luta na pressão popular vamos afastar Bolsonaro e construir o país que queremos”, afirmou o sindicalista.

Outras lideranças reforçaram o #foraBolsonaro, presidente que, além de retirar direitos dos trabalhadores e expor o país inteiro aos riscos de uma doença que já matou mais de 6 mil brasileiros, nada faz para levar o país rumo ao desenvolvimento social com geração de emprego e renda, além de envergonhar a todos com suas falas grosseiras.

Para a ex-presidenta Dilma Rousseff, Bolsonaro é um líder político que não se envergonha de promover a desordem, a destruição da ordem democrática e não está preocupado em salvar vidas humanas.

“Em vez de proteger os trabalhadores e os mais numeráveis o presidente da república os entrega à própria sorte. O governo tem dinheiro para ajudar os bancos, mas nega apoio aos trabalhadores que estão perdendo condições de vida para se sustentar”, disse a ex-presidenta.

A luta nunca acaba

Um dos momentos mais aguardados do programa foi a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E, como sempre, Lula não decepcionou a classe trabalhadora. Ele prestou solidariedade aos familiares de vítimas do coronavírus e “a todos aqueles que estão lutando para salvar vidas contra um vírus desconhecido”.

Para o ex-presidente, estamos vivendo um momento de aprendizado sobre a nossa própria existência, o que nos leva a refletir sobre o mundo que queremos.

Otimista e confiante na força dos brasileiros, Lula mandou uma mensagem de esperança a todos e todas: “Como brasileiro tenho certeza que sairemos dessa tragédia para um Brasil melhor. Agora, em plena tempestade, os brasileiros revelam que são generosos, tolerantes, solidários e é com esse espírito, essa alegria, essa criatividade que estamos todos vamos sair das trevas e fazer chegar o mais depressa possível o amanhecer da justiça social, da liberdade e da igualdade”

Em sua participação, o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que 2020 é mais um ano difícil para a classe trabalhadora. “É o quarto ano consecutivo de ataques aos direitos, com Temer e Bolsonaro. Eles atacaram todas as conquistas históricas, desde 1920”.

Para Haddad, a tarefa é resistir mais uma vez, combater o neoliberalismo, eleger representantes de trabalhadores nas próximas eleições e cobrar deles o necessário para voltar a ter direitos.

#euficoemcasa

A ‘live’ do 1º de Maio da CUT e demais centrais foi recheada com depoimentos emocionados de internautas e artistas que contaram porque e por quem ficam em casa. Os atores Rodrigo Santoro, Cauã Reymond, Renato Aragão, o Didi, dos Trapalhões e Lilia Cabral foram algumas das personalidades a pedir para que os brasileiros fiquem em casa durante a pandemia.

Trabalhadores também deram depoimentos, dizendo o que esperam nesse momento difícil em que o contato social ou os obriga a ficar em casa e distantes fisicamente de pessoas queridas ou a continuar trabalhando nos serviços essenciais para que outras pessoas possam ficar no isolamento.

Solidariedade e esperança

A celebração do 1° de Maio on-line chamou atenção pela forma inédita de realização. Este ano contou com uma “vaquinha” on-line para angariar fundos que serão revertidos às pessoas mais necessitadas, justamente aquelas que perderam o emprego, estão sem renda, ou tiveram salários reduzidos por conta da pandemia e passaram a enfrentar maiores dificuldades financeiras.

As contas não param de chegar e a maior parte delas não têm redução de valor, como os salários dos trabalhadores, que Bolsonaro autorizaou a reduzir sob o pretexto de que isso ajuda as empresas a manter os empregos no período da pandemia.

O ‘bloco’ chamado de “Solidariedade e esperança” mostrou um vídeo produzido na Alemanha, país que apesar de ser de ‘primeiro-mundo’ também enfrenta as dificuldades impostas por esta nova realidade. Lá, movimentos de arrecadação têm sido constantes e há distribuição de mantimentos entre vizinhos, para que ninguém fique desamparado.

Uma moradora de um bairro da capital Berlin diz, em tom de esperança: “sobrevivemos à guerra e vamos sobreviver a essa pandemia, com solidariedade”.

A solidariedade e luta parta proteger quem está trabalhando e sofrendo também foram ressaltadas na fala do governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB). Ele considerou o 1° de Maio de 2020 “um dia especial de união, solidariedade e luta para proteger quem está sofrendo”.

Até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), elogiou a realização do 1° de Maio Solidário: “a comemoração é simbólica e expressa a solidariedade. Este ano temos uma situação nova, que é a pandemia e o medo do desemprego por isso precisamos nos juntar para construir um futuro a partir das condições que temos no presente”.

Calor humano virtual

As tradicionais palavras de ordem de palanques de 1° de Maio abriram espaço para mensagens de carinho, de afeto e de preocupação com a vida.

A cantora Zélia Duncan começou sua participação cantando ao violão seu primeiro sucesso, lá de 1994, “Nos lençóis desse reggae”. Logo após a vibração positiva da cantora veio com a frase “A vida vale mais do que qualquer outra coisa. Nenhuma empresa vale mais do que a sua vida”, disse Zélia

A atriz Elisa Lucinda também deu seu recado emocionado: “Não tem Brasil sem trabalhador. Economia é suor e esforço do trabalhador. Nada funciona sem as mãos do trabalhador. Portanto , gratidão para quem não pode cumprir o isolamento, para manter o essencial para nós”.

A live do 1° de Maio teve atrações internacionais também. O ato e ativista norte-americano Dany Glover, conhecido por filmes como Máquina Mortífera e O Dia Depois de Amanhã.

O ator saudou os trabalhadores do Brasil e de todo mundo, em especial aqueles que estão nas linhas de frente de combate ao coronavírus e afirmou ser necessário começar a construir o futuro, o que de acordo com ele, significa mudar o sistema baseado no lucro e criar um sistema que se importe com a pobreza e com as pessoas mais pobres, “como foi construído sob a administração de Lula da Silva e sob a administração de Dilma”, lembrou o ator.

Outra atração internacional que causou grande expectativa nas redes sociais, foi a participação do ex-baixista do Pink Floyd Roger Waters. Também ativista, o músico afirmou estar feliz por participar da celebração do 1° de Maio.

“Sei que isso é uma grande celebração dos movimentos dos trabalhadores no Brasil e meu coração está com vocês de qualquer forma. Esses são tempos conturbados, então fiquem em segurança”. Em seguida, cantou a emblemática canção “We Shall Overcome” (Nós vamos superar).

Música

Desde os primeiros momentos, diversos artistas trouxeram suas mensagens emprestando suas vozes e talento para levar mensagens de esperança, luta e consciência de classe a todos os trabalhadores.

Odair José, Aíla, Preta Rara, Dead Fish, o grupo Mistura Fina, Zeca Pagodinho, além de outros, deram o tom musical da live.

Leci Brandão apareceu na tela dizendo “Deus ilumine cada trabalhador e trabalhadora desse Brasil” e logo vieram os primeiros versos de Canção Da América de Milton Nascimento, apenas com sua voz e a bela melodia no violão.

Logo após a participação, foi feita uma breve homenagem à cantora Beth Carvalho, que faleceu exatamente há um ano.

Leci Brandão e Beth Carvalho, dois dos maiores nomes da música brasileira sempre estiveram à frente na luta pela consciência de classe. Sempre participaram das celebrações do 1° de Maio da CUT e centrais sindicais.

“Defender o SUS é defender a Vida”

Uma das pautas levadas ao 1° de Maio em 2020 foi a defesa da saúde pública. A pandemia do coronavírus provou a toda a sociedade que a presença do Estado é fundamental para a sobrevivência e a saúde pública é essencial para o Brasil.

Cerca de 75% dos brasileiros têm no Sistema Único de Saúde (SUS) o único meio de atendimento à saúde.  Somente em 2019, foram mais de 4,1 bilhões de tratamentos ambulatoriais, 1,4 bilhão de consultas médicas ao ano, 11,5 milhões de internações e mais de 27 mil transplantes realizados.

Por isso, para a CUT, centrais sindicais e movimentos sociais, é fundamental a defesa do SUS, que vem sofrendo desmonte desde o golpe de 2016. Neste ano, com a pandemia, o risco de sobrecarga no SUS é iminente. De acordo com as autoridades de saúde, não há leitos suficientes para atender à demanda de casos do coronavírus, por isso, o isolamento social se representa um fator importante para que se possa conter o avanço do coronavírus.

A jornalista e ex-candidata à vice-presidente chapa de Fernando Haddad, Manuela D´Ávilla, em sua mensagem, afirmou que o momento de pandemia deixa clara a necessidade de reconstrução da proteção social.

“O momento faz com que cada vez mais as pessoas se conectem com o sonho de um país em que o Estado garanta direitos e que o povo seja atendido com dignidade. E que que dê condições dignas de trabalho para os trabalhadores da saúde”, afirmou.

Mara Manuela, é fundamental exigir “testagem em massa” para esses trabalhadores e equipamentos de proteção individual (EPI´s) e, ao mesmo tempo, exigir que o isolamento social seja garantido como direito da população. “Não podemos mais perder homes e mulheres para o coronavírus”, disse.

O bloco especial da transmissão, dedicado à defesa do SUS e da saúde pública, teve dirigentes sindicais, artistas e lideranças políticas e de movimentos sociais trazendo à tona o descaso do governo de Jair Bolsonaro com o setor, e fazendo homenagens àqueles que estão na linha de frente do combate à pandemia, cuidando das pessoas em postos de saúde, unidades de pronto antedimento e hospitais. São auxiliares de enfermagem, enfermeiros e e enfermeiras, médicos e médicas e todos aqueles que, heroicamente, cuidam e ajudam a salvar vidas.

Um dos pontos mais emocionantes da live do 1° de Maio foi a exibição de um vídeo produzido pelo Sindicato dos Trabalhadores Públicos na Saúde do Estado de SãoPaulo (SindSaúde-SP) que mostra profissionais em hospitais aplaudindo pessoas que foram curadas após terem enfrentado as dores e o sofrimento da Covid-19, nas UTI´s de hospitais.

A transmissão

Uma grande rede de comunicação foi formada em todo o Brasil para transmitir a live do Dia dos Trabalhadores. Envolveu o Portal da CUT, bem como das redes sociais das estaduais da central, além dos canais de comunicação das entidades filiadas e outras centrais e de movimentos populares.

Confira aqui como foi a parte da manha da mobilização

CUT

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