Fórum de Mulheres das Centrais prepara festival pela legalização do aborto
O Fórum Nacional da Mulheres Trabalhadoras das Centrais Sindicais se reuniram nesta terça-feira (31), em São Paulo, para preparar atos em todo o país contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto.
Isso porque entre a sexta-feira (3) e a quarta-feira (8) acontecerá o Festival pela Vida das Mulheres para mostrar à sociedade a importância de se debater o aborto de maneira honesta e sincera. “Não temos estatísticas precisas, mas sabemos que milhares de mulheres pobres interrompem a gravidez por ano no Brasil”, diz Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB.
Então, complementa ela, “temos um problema de saúde pública porque elas correm sérios riscos ao fazerem aborto em clínicas clandestinas sem a menor condição”. Esse festival acontece porque nesse período o Supremo Tribunal Federal (STF) debate a questão.
Entre os dias 3 e 6, o STF promove audiência pública sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Haverá transmissão ao vivo pela TV Justiça, pela Rádio Justiça e pelo canal do STF no YouTube.
Representantes da sociedade civil de setores variados, especialistas e instituições e organizações nacionais e internacionais poderão contribuir com o debate da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 (ADPF 442), ajuizada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSol).
A audiência começa às 8h20, na sala de sessões da 1ª Turma do STF, e prossegue no período da tarde, a partir das 14h30. Falarão representantes de 13 entidades em cada turno, sendo que cada um deles terá 20 minutos para fazer sua explanação.
As brasileiras pretendem uma grande mobilização para repetir o sucesso que as argentinas que conseguiria recentemente, forçando a Câmara dos Deputados de seu país a aprovar a legalização do aborto, que agora terá votação no Senado.
“Pretendemos chegar em 28 de setembro – Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Legalização do Aborto – com essa importante vitória”, assinala Celina. Ela conta ainda que vários estados preparam caravanas para Brasília na sexta-feira (3).
Juntamente com as manifestações pela legalização do aborto, ocorrerá o Festival pela Vida das Mulheres, porque no Brasil ocorrem quase 5 mil feminicídios todos os anos. E são registrados quase 50 mil estupros anualmente, sendo que as estimativas apontam um número dez vezes maior.
A proposta é usar as cores verde e roxa durante as manifestações, fazer debates, reuniões e tomar as ruas. Na quarta-feira (8) está programada uma manifestação em frente ao Consulado da Argentina, em São Paulo, na avenida paulista, 2.313.
“A nossa luta é pela vida das mulheres”, garante Celina. “Nos países onde o aborto é legalizado, essa prática diminuiu por causa do trabalho de educação promovido em torno do assunto”.