Homenagem ao jornalista Vladimir Herzog e 6 filmes para valorizar a democracia

Neste 25 de outubro, celebramos o Dia Nacional de Defesa da Democracia. Esta data homenageia o jornalista Vladimir Herzog, assassinado em 25 de outubro de 1975 durante a Ditadura Militar. Herzog, conhecido como Vlado, tornou-se um símbolo da resistência à repressão e da luta pela liberdade de imprensa em um período sombrio da história brasileira.

Vladimir Herzog era uma figura respeitada em veículos de comunicação como a TV Cultura, a BBC Londres e a revista Visão. No dia anterior à sua morte, o jornalista se apresentou voluntariamente para prestar depoimento às autoridades militares. No entanto, a sua coragem levou a consequências trágicas: Herzog foi torturado e morto nas instalações do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI).

A repercussão de sua morte foi imensa. No sétimo dia após o falecimento, uma multidão de cerca de oito mil pessoas se reuniu na Catedral da Sé, em São Paulo, para uma missa em sua homenagem. Essa manifestação se tornou um marco na luta pela redemocratização do Brasil, reunindo cidadãos que clamavam por justiça e liberdade.

Anos depois, promulgou-se a Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, encerrando oficialmente o regime militar e consolidando o Estado Democrático de Direito no país. A nova constituição estabeleceu o voto direto e secreto, assegurando que os brasileiros pudessem escolher livremente seus representantes nos Poderes Legislativo e Executivo.

A data emblemática é um momento oportuno para reavaliar os desafios que ameaçam nossas instituições e a convivência pacífica em sociedade. A ascensão da extrema direita em diversos países sinaliza sobre a fragilidade da democracia e a necessidade premente de um compromisso coletivo para sua preservação.

Para mitigar esses riscos, é fundamental promover a educação política, incentivar o engajamento cívico e fomentar diálogos construtivos que celebrem a diversidade de ideias.

Inclusive, no próximo domingo (27), eleitores (as) de 51 municípios brasileiros voltarão às urnas para eleger prefeitos e prefeitas. O voto é o começo da mudança e a arma mais poderosa para impedirmos a projeção de forças conservadoras e antidemocráticas.

A responsabilidade de cada cidadão se torna vital na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, capaz de resistir a ideologias autoritárias e defender os direitos de todos, como fez o grande Jornalista e Militante, Vladimir Herzog.

A Confederação Nacional dos trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) aproveita para indicar 6 filmes que ajudam a refletir, entender e valorizar a democracia. Prepare a pipoca, assista aos filmes e fique afiado para domingo eleger os (as) representantes progressistas. O Barão de Montesquieu sentenciou: “o amor da democracia é o da igualdade”. Dê a sua parcela de contribuição para esse amor germinar.

1 – VLADO – 30 ANOS DEPOIS

É um documentário que conta a história do jornalista Vladimir Herzog. O filme, dirigido por João Batista de Andrade, combina depoimentos de familiares, amigos e colegas com imagens de arquivo, apresentando uma reflexão sobre o impacto da repressão e a luta pela memória e pela verdade.

A obra não apenas reconstitui os eventos que cercaram a morte de Herzog, mas também aborda as consequências desse episódio para a sociedade brasileira, destacando a importância da defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão. O documentário aguça a reflexão do passado e o papel da memória na construção de um futuro mais justo e democrático. Por meio de um relato sensível, “Vlado – 30 Anos Depois” busca manter viva a memória de Herzog e a necessidade de nunca esquecer os horrores da repressão.

2 – DEMOCRACIA EM VERTIGEM

Dirigido por Petra Costa, o documentário explora os eventos políticos que culminaram no impeachment da presidente Dilma Rousseff, no Brasil, em 2016. Por meio de uma narrativa pessoal e íntima, Petra utiliza sua própria história e a de sua família para evidenciar as transformações políticas do país. O filme inicia com uma análise do período de estabilidade econômica e política que precedeu a crise, abordando as conquistas sociais e as esperanças geradas durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT). No entanto, à medida que a crise econômica se aprofunda e a polarização política se intensifica, o clima de descontentamento cresce.

Petra Costa oferece um olhar crítico sobre o processo de impeachment, apresentando depoimentos, imagens de protestos e a dinâmica da política brasileira. Ela questiona as motivações por trás das ações dos opositores de Dilma e examina como o impeachment se tornou um marco na luta pelo poder e na erosão da democracia.

3 – O DIA QUE DUROU 21 ANOS

É um documentário brasileiro dirigido por Camilo Galli Tavares que investiga a participação do governo dos Estados Unidos na preparação e execução do golpe de estado de 1964 no Brasil. O filme começa a sua narrativa na crise política desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros em agosto de 1961, contextualizando o cenário político tenso da época. O filme abrange não apenas o momento do golpe, mas também seus desdobramentos até 1969, incluindo a repressão política e os efeitos duradouros da ditadura militar que se seguiu. “O Dia que Durou 21 Anos” é uma análise crítica e esclarecedora sobre como intervenções externas podem impactar a soberania nacional e a democracia, enfatizando a importância de se lembrar e compreender esses eventos para evitar repetições no futuro.

4 – ENCANTADO, O BRASIL EM DESENCANTO

“Encantado, o Brasil em desencanto”, dirigido por Filipe Galvon, analisa o contexto político e social do Brasil nos anos 2000. O documentário traça uma linha do tempo que vai da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 até a de Jair Bolsonaro em 2018. Por meio de entrevistas, imagens de arquivo e análises críticas, o filme explora as esperanças e desilusões que marcaram esse período, abordando temas como desigualdade, corrupção e as transformações na sociedade brasileira. Ao refletir sobre as promessas e os desafios enfrentados, a obra provoca uma discussão sobre o futuro político do país.

5 – SEMENTES: MULHERES PRETAS NO PODER

Neste documentário, as cineastas Éthel Oliveira e Júlia Mariano capturam a trajetória de seis mulheres negras que se candidataram a cargos legislativos em 2018. Cada uma delas traz uma proposta política distinta, mas todas estão profundamente ligadas ao legado inspirador de Marielle Franco (1979-2018). O filme proporciona uma perspectiva íntima sobre suas experiências e revela como a figura de Marielle influenciou suas vidas e suas lutas políticas, ressaltando a força e a resiliência dessas mulheres em um cenário desafiador. A representatividade feminina ganha destaque.

6 – BACURAU

O filme dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles apresenta a história de uma comunidade nordestina que se vê ameaçada por eventos misteriosos e violentos, simbolizando a luta pela sobrevivência em um mundo que tenta apagá-la. Ao desaparecer dos mapas, “Bacurau” se torna alvo de forças externas que buscam dominá-la. Por meio da união dos moradores, a obra enfatiza a importância do pertencimento e da identidade coletiva, destacando a rejeição às opressões que tentam dizimar suas raízes. O filme é um poderoso testemunho da força de uma comunidade que se recusa a se curvar e que luta para manter firme sua autonomia e valores. Enfim, Bacurau é um manifesto comovente contra o imperialismo e o fascismo. A resistência popular sobressai.

Por Romênia Mariani

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