Inclusão e diversidade: Brasil terá primeira universidade indígena
O envio ao Congresso Nacional do projeto de lei que cria a Universidade Federal Indígena (Unind) e a Universidade Federal do Esporte (UFEsporte) representa um marco histórico para o ensino superior brasileiro. O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última quinta-feira (27/11), em cerimônia no Palácio do Planalto. Se aprovado, o projeto prevê que ambas terão campus sede em Brasília (DF) e integrarão a rede pública de ensino superior do país, democratizando o acesso a uma educação gratuita e de qualidade.
Pela primeira vez, o Brasil terá uma instituição voltada integralmente à formação de estudantes indígenas, fortalecendo suas identidades, línguas e culturas em diálogo com a educação não indígena.
Para a Contee, que há décadas luta pela valorização da educação pública, gratuita e inclusiva, a iniciativa representa um passo decisivo na construção de um país mais plural e democrático. A Unind não apenas amplia o acesso à universidade para comunidades historicamente marginalizadas, mas também reconhece que a educação é uma porta para a diversidade e para a produção de conhecimento em consonância com saberes tradicionais.
A Unind terá uma estrutura multicampi e, nos primeiros quatro anos, atenderá aproximadamente 2,8 mil estudantes indígenas. Inicialmente, serão oferecidos 10 cursos, com previsão de expansão para até 48 graduações em áreas estratégicas, como gestão ambiental e territorial, políticas públicas, promoção das línguas indígenas, agroecologia, saúde, direito e formação de professores. Os processos seletivos serão próprios, garantindo a inclusão de candidatos de acordo com a diversidade linguística e cultural do país.
A criação da universidade é resultado de décadas de luta de educadores e pesquisadores indígenas, articulada por meio de seminários regionais, grupos de trabalho e consultas a lideranças e organizações indígenas. O objetivo é promover a autonomia dos povos originários, valorizar saberes ancestrais e produzir conhecimento científico em diálogo com práticas tradicionais, consolidando a educação como instrumento de inclusão e cidadania.
Já a UFEsporte terá foco na formação de profissionais do esporte — desde atletas e técnicos até gestores e dirigentes — com diretrizes de equidade de gênero e racial, promovendo também a inclusão de pessoas negras e indígenas, ampliando as oportunidades na atuação profissional e na gestão esportiva em todo o país.
A Contee reforça a importância de políticas públicas que contemplem minorias e promovam a equidade no acesso à educação. Garantir que todos tenham oportunidades de aprender e transformar seu futuro é essencial para construir um Brasil mais justo, diverso e plural. A criação dessas universidades reafirma o papel da educação como caminho de transformação social, edificando uma sociedade em que a diversidade é reconhecida e valorizada em todos os espaços.
Da Redação Contee





