Israel intensifica ataques e mata 40 palestinos após anúncio de cessar-fogo
Bombardeios em Gaza e Cisjordânia ocorreram horas antes do Gabinete israelense votar o acordo
Israel intensificou seus ataques nos territórios palestinos na noite de quarta-feira (15/01), horas depois do anúncio do acordo de cessar-fogo que entra em vigor domingo (19/01). Os ataques aéreos mataram ao menos 32 pessoas em Gaza e seis no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, onde também deixaram duas pessoas gravemente feridas.
Os ataques continuaram na quinta-feira (16/01) em toda a faixa de Gaza, destruindo casas em Rafah, no sul do enclave, em Nuseirat, centro, e também no norte, que está sitiado pelo exército sionista há três meses. Em Deir el-Balah, no centro do enclave, o alvo foram as tendas de um acampamento de deslocados. As informações são de fontes médicas ouvidas pela agência Al Jazeera e, no caso da Cisjordânia, Wafa.
“Há uma hora eu estava documentando a alegria do povo de Gaza com as notícias do cessar-fogo (…) , mas a ocupação israelense continua cometendo massacres”, disse o repórter da Al Jazeera Anas al-Sharif, filmado em um necrotério improvisado com vários corpos ao fundo, incluindo os de várias crianças pequenas.
Os ataques ocorreram horas antes de o Gabinete de Segurança de Israel votar o acordo (às 6 horas do Brasil). As bombas abortaram as comemorações do cessar-fogo em vários pontos de Gaza. Na manhã de quinta-feira drones e caças israelenses supersônicos aterrorizavam a população no norte do enclave. A expectativa é que os ataques continuem intensos nas próximas 72 horas, até o cessar-fogo entrar em vigor.
Bombardeio a acampamento de refugiados na Cisjordânia
Na Cisjordânia, além do bombardeio ao campo de refugiados, os militares israelenses realizaram incursões e prisões durante a noite em vários locais. Ao menos seis homens e uma mulher foram detidos e outro foi hospitalizado, ferido pelos soldados.
O exército israelense não fez nenhum comentário imediato e não houve relatos de ataques do Hamas em Israel após o anúncio do cessar-fogo. Apesar da oposição da área mais à direita do governo israelense, a expectativa é que a maioria dos ministros do Gabinete de Segurança de Netanyahu aprove o acordo, segundo informou um funcionário do governo à Reuters.
Nos 15 meses que dura a guerra, Israel já matou mais de 46.700 pessoas, sendo 60% delas mulheres e crianças. O número não inclui os cerca de 10 mil que se calcula que continuem soterrados e nem as vítimas da desnutrição, frio e doenças que se espalharam em consequência da guerra. As estimativas são de que todos esses fatores somados poderiam quadruplicar o número de mortos, que superaria os 200 mil.
Além disso, a guerra devastou Gaza, destruindo a quase totalidade de sua infraestrutura básica e boa parte das casas. Cerca de 90% da população foi deslocada de suas casas. Agora, eles estão autorizados a voltar voltar, mas talvez a maioria não tenha casa alguma para onde retornar.
O ataque do Hamas que deu início à guerra, dia 7 de outubro de 2023, matou cerca de 1.200 israelenses e fez cerca de 250 reféns.