José Dirceu: “Minha mensagem é de esperança”
A manhã desta sexta-feira, 23, no Consind foi de autógrafos do livro de memórias e de palestra do ex-ministro e fundador do PT, José Dirceu. Ele historiou os sucessivos golpes ocorridos no Brasil durante a República. Para ele, o atual governo, de Bolsonaro “é um confronto com o Brasil, a soberania, a justiça social, a democracia”.
Após sua palestra, Dirceu ouviu comentários e perguntas do plenário, numa conversa que se desenvolveu até as 13h. Para ele, “o embate na economia é fundamental. A privatização pretendida pelo próximo governo envolve uma parcela importantíssima do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Nosso país gasta de R$ 300 milhões a 400 milhões de serviço da dívida – a maioria dos países são R$ 60 milhões. Com essa realidade o novo presidente e seu ministro privatista terão que lidar. Seu projeto só tem como objetivo o lucro e o favorecimento das elites”.
Na sua opinião, “a primeira fortaleza que Bolsonaro vai tentar tomar é a educação e cultura, mas a resistência será grande, pois mesmo na elite há resistência às suas intenções nessa área. Também na política externa e ideológica não há acordo entre a elite, e a política externa reflete a política interna. Daí os desencontros dentro da própria equipe de governo, as declarações desastrosas e os recuos”.
Dirceu entende que “há uma opinião pública internacional contrária a Bolsonaro. Uma política passa a ser ideológica quando não corresponde aos interesses nacionais e é isso que está acontecendo agora. Nos governos Lula e Dilma, a indústria, a produção nacional sempre fizeram parte da pauta das relações exteriores. Vamos ver como será a partir do ano que vem…”
“Sempre que impera a democracia no Brasil, a elite perde, por isso apela para os golpes. A
eleição de 2018 foi realizada sob controle. Primeiro, impediram a candidatura de Lula. Liberaram o financiamento empresarial e o caixa 2, que garantiu as fake news do candidato da ultradireita. De qualquer forma, minha mensagem é de esperança. O povo brasileiro será levado, por sua própria situação econômica e social, a lutar, a resistir”.
Ao fim das respostas, o coordenador-geral Gilson Reis considerou que o Consind “foi privilegiado de ter este debate. Dirceu é uma referência histórica de nossa luta. Temos memória, temos história e temos perspectiva. Lutaremos!”
Fotos: Alan Francisco de Carvalho/CONTEE e Leandro Freire/TREEMIDIA
Por Carlos Pompe