Lula demite Jean Paul Prates da presidência da Petrobras

A engenheira Magda Chambriard será a nova presidente da empresa estatal. No governo de Dilma Rousseff (PT), ela ocupou uma diretoria na Agência Nacional do Petróleo (ANP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, na noite dessa terça-feira (14). A estatal divulgou comunicado aos acionistas informando a saída de Jean Paul Prates da presidência da estatal. A engenheira Magda Chambriard será a nova presidente da empresa. No governo de Dilma Rousseff (PT), ela ocupou uma diretoria na Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Na nota, a empresa diz que Prates solicitou que o “Conselho de Administração da Companhia se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada”.

“Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se uma vez aprovado, o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras. Fatos julgados relevantes serão tempestivamente divulgados ao mercado”, acrescenta o comunicado.

Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que “respeita a decisão soberana do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seja ela qual for em relação ao comando da Petrobras”. Também agradeceu o relacionamento construtivo desenvolvido ao longo dos últimos anos com Jean Paul Prates à frente da empresa e desejou que a boa relação com uma futura gestão da estatal seja mantida, em favor do fortalecimento da Petrobras, do desenvolvimento do país e dos trabalhadores.

Advogado e economista, Prates assumiu a presidência da Petrobras no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Prates foi eleito em 2014 primeiro suplente da senadora Fátima Bezerra (PT-RN), para o período 2015-2022, e assumiu a vaga dela no Senado em 2019, após sua eleição para governadora do Rio Grande do Norte.

Prates foi membro da assessoria jurídica da Petrobras Internacional (Braspetro), no fim da década de 1980, e teve sua atuação profissional ligada à área de petróleo e gás, participando da elaboração da Lei do Petróleo e da redação do modelo do contrato de concessão oficial brasileiro e do decreto dos royalties. Foi também secretário de Energia do Rio Grande do Norte.

Balanço

Os investimentos da Petrobras alcançaram US$ 3 bilhões (aproximadamente R$15 bilhões) no primeiro trimestre deste ano, alta de 22,6% na comparação com o mesmo período de 2023. Os dados fazem parte do balanço que a estatal divulgou nesta terça-feira (14). No segmento de exploração e produção, os investimentos totalizaram US$ 2,5 bilhões, 21% acima do primeiro trimestre do ano passado. Segundo a companhia, são grandes projetos que sustentarão a curva de produção dos próximos anos.

Destacam-se os investimentos no pré-sal da Bacia de Santos (US$ 1,3 bilhão), principalmente nos campos de Búzios e Mero. E nos projetos do pré e pós-sal da Bacia de Campos (US$ 600 milhões), especialmente campos de Jubarte, Marlim e Raia Manta e Pintada. Ao mesmo tempo, os investimentos exploratórios somaram US$ 200 milhões.

No segmento de Refino, Transporte e Comercialização, os investimentos totalizaram US$ 360 milhões. Já os investimentos no segmento Gás e Energias de Baixo Carbono totalizaram US$ 100 milhões, com destaque para unidade de processamento de Gás Natural do Rota 3, no Polo Gaslub (RJ).

Lucro líquido

Ao mesmo tempo, a Petrobras obteve um lucro líquido de R$ 23,7 bilhões no 1º trimestre de 2024. O resultado é 38% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. E 23,7% menor na comparação com o 4º trimestre de 2023. De acordo com a companhia, o resultado é consequência da desvalorização cambial do final de período e menor venda de óleo e derivados.

Ao divulgar o balanço, o ainda presidente da estatal ressaltou o compromisso de manter os investimentos previstos e geração de valor para os acionistas. “Os dados financeiros e operacionais da Petrobras no 1º trimestre de 2024 são consistentes com a rota da companhia em cumprir seu Plano Estratégico (2024-28) de forma eficiente e sustentável. No trimestre, mantivemos uma geração de caixa consistente, que nos dá segurança em relação aos investimentos futuros, incluindo os que tem como foco o crescimento da produção da companhia”.

Desempenho

Para o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos dos Santos, os resultados são positivos, apesar do volume menor de vendas de combustíveis no mercado nacional. Ele destaca, por exemplo, o aumento de 3,7% na produção de óleo, gás natural liquefeito e gás natural. Nesse sentido, o Fator de Utilização Total (FUT) das refinarias atingiu a marca de 92%.

“É um resultado bastante robusto para o momento, em que sempre há uns efeitos sazonais de menor demanda no mercado interno brasileiro”, destaca o especialista. “Ademais, vale destacar que a Petrobras vem recuperando sua capacidade de investimentos gradativamente, mesmo que num ritmo menor do que desejado ou necessário para um avanço acelerado em direção a transição energética e descarbonização do setor”.

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Com reportagem de Tiago Pereira e informações de Agência Brasil e Folha de S.Paulo

Da Rede Brasil Atual

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