Maduro reeleito: O anti-imperialismo vence as eleições na Venezuela
Na madrugada da segunda (29), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a vitória de Nicolás Maduro, candidato pela coligação Grande Pólo Patriótico. Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos (5.150.092), contra 44% (4.445.978) do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita).
A Coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, Cristina Castro, celebrou o resultado das eleições destacando a importância de a classe trabalhadora se manter unida para combater a direita e a extrema direita, cuja política é nefasta e desumana.
“Não permitir que a direita cresça na América Latina e no mundo deve ser a luta dos trabalhadores. Sabemos que as propostas da direita visam retrocessos civilizatórios e trabalham para retirada dos direitos e conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras. Assim, a derrota da direita é uma conquista do povo”, salientou a coordenadora.
Os opositores não estão aceitando a vontade majoritária da população e cobram as atas detalhadas da votação, sustentam a narrativa de eleições fraudulentas. A expectativa é que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela publique todas as atas com as apurações eleitorais por urna para conferência. O intrigante é que esse mesmo grupo vinha anunciando que só reconheceria os resultados se ganhasse as eleições.
Em contrapartida, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e observadores de 107 países defendem a legitimidade e lisura do pleito que reelegeu o presidente Nicolás Maduro, conforme atestou o CNE, argumentando que o processo eleitoral se deu de forma pacífica e democrática. Em tempo, condenam as tentativas de desestabilização e violência gerados pela extrema direita venezuelana, internacional e imperial.
Durante seu discurso no Palácio Miraflores, Maduro comemorou a vitória ocorrida no último domingo dizendo que a oposição tentou boicotar o processo do início ao fim e afirmando que “a batalha definitiva contra o fascismo foi travada nesta terra (Venezuela) e nós vencemos. Derrotar o fascismo, derrotas os demônios, é um feito histórico e o nosso povo conseguiu. Superamos aqueles setores cuja estratégia era semear o ódio e a violência, e o povo venezuelano mostrou novamente que prefere a paz”.
Já em torno das declarações de eleições ilegítimas e fraudulentas, o mandatário externou que os opositores querem a todo custo desestabilizar o país: “A extrema direita fascista e os mesmos grupos liderados pelo império norte-americano estão tentando impor novamente na Venezuela um golpe de Estado de natureza fascista e contrarrevolucionária. Eu poderia chamá-lo de uma espécie de Guaidó 2.0”.
“Nós já vimos esse filme aqui na Venezuela. Por um lado, as pessoas que querem a paz, a democracia, a prosperidade, o progresso. E por outro lado, elites cheias de ódio e com um projeto baseado em dividir os venezuelanos”, acrescentou.
O anti-imperialismo venceu
O líder chavista conquistou o seu terceiro mandato presidencial. Ele está no poder desde 2013 e vai governar o país por mais 6 anos. A posse do venezuelano se dará em janeiro de 2025.
A vitória de Maduro representa a continuidade do chavismo na Venezuela. O movimento político é associado ao ex-presidente Hugo Chávez, que governou o país de 1999 a 2013. Após a morte de Chávez, em março de 2013, Maduro se tornou o sucessor da ideologia, priorizando as políticas de inclusão social e os investimentos em infraestrutura pública baseados na economia do petróleo.
O chavismo continua a desempenhar um papel central na política e na vida social da Venezuela. A luta contra o imperialismo segue firme. Em razão desse comportamento combativo, Maduro e a Venezuela vem pagando caro. Na última década, o imperialismo norte-americano impôs cerca de 930 sanções econômicas a Venezuela, gerando uma crise sem precedentes. O país chegou a ter uma inflação de 344.000% e viu suas receitas petrolíferas despencarem de US$ 56 bilhões em 2012 para US$ 743 milhões em 2020.
O panorama venezuelano é complexo e desafiador, mas apesar das dificuldades econômicas e sociais enfrentadas, do cenário internacional carregado de tensões e polarizações, a Venezuela segue sendo um símbolo de resistência contra a opressão, as forças do imperialismo e a ascensão da extrema direita, reafirmando o seu compromisso com a soberania nacional e com uma visão de justiça social.
Por Romênia Mariani