Manifesto do Sinpro-BA pela democracia, pelo fim da censura, pela soberania nacional e pela liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva!

Sindicato dos Professores no Estado da Bahia – Sinpro-BA nasceu no ano imediatamente anterior ao do golpe civil-militar que solapou a democracia brasileira por vinte e um anos a partir de 1964. Professores militantes, dentre outros, foram alvos de perseguições e torturas e desaparecimentos e mortes. A luta por democracia cobrou e cobra um preço, porque a luta contra a democracia exige o silenciamento daqueles que, justamente, não se admitem silentes. Foi assim, é assim e, por certo, será assim. Ombrear-se àqueles que têm na democracia um valor é dignificar a educação, posto que instrumento da construção da cidadania em sentido pleno, de bons e necessários valores.

O SINPRO-BA nasce sob a égide da defesa dessa categoria profissional estranha, porque amada e odiada, respeitada e vilipendiada, considerada essencial e, paradoxalmente, maltratada ao mesmo tempo. A defesa das professoras e dos professores é a defesa da docência e da Educação como instrumentos de transformação da realidade, em todos os níveis possíveis; é a defesa da decência de uma sociedade. Educação rima, necessariamente, com transformação – transformação do indivíduo e do mundo! Educação é um valor – valor inestimável – que não se insere e nem pode se inserir na lógica do mercado, porque, definitivamente, como Direito Humano, não é mercadoria e nem pode ser privilégio de uns, sendo – antes, única e acima de tudo – um direito de todos.

Defender a Educação é, pois, defender bons valores. Defender a educação como direito é defender os direitos da pessoa humana, é defender a democracia, a cidadania e a soberania de um povo.

O Brasil vive tempos sombrios. Por um lado, há uma ode à ignorância, um desprezo pelo saber e pela ciência, uma tentativa de desconstrução do processo civilizatório. Há ódio nas ruas, nos lares, nos bares, nas salas de aula. Há ódio e há perseguições, cerceamentos de liberdades individuais que jamais deveriam ser discutíveis. Mas tanto ódio tem seus incentivadores e alimentadores, tem seus artífices e seus objetivos.

Nos últimos anos, notadamente após a eleição presidencial de 2014 – embora seja preciso lembrar sempre das ditas “Jornadas de Junho”, em 2013 –, uma sombra passou a pairar sobre o Brasil. A derrota da direita naquele processo eleitoral foi imediatamente seguida pela promessa de que a presidente eleita não governaria, promessa feita pelo candidato derrotado, tão logo a eleição se definiu. E assim ocorreu! O golpismo, naquele momento expressado pelo acabadiço candidato, não mais encontraria limites, não mais encontraria freios. Ele nascia imoral e ilegal, e assim permaneceu e permanece.

A farsa do impeachment de 2016 está desmontada, fartamente provada a intenção de cassar uma presidente que não cometera crime algum de responsabilidade. Os artífices deste golpe – e nem foi preciso esperar décadas – têm assumido e revelado, sobretudo nos últimos dias, que aquilo que já dizíamos e alertávamos desde 2016 estava certo, infelizmente: era golpe! Assaltar o poder era, naquele momento, a única forma de tomar o poder.

Golpe orquestrado e levado a cabo – com parlamento, alto empresariado, grande mídia, judiciário e forças armadas em evidente conluio –, era preciso dar os passos seguintes. E o imediato passo seguinte tinha nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva.

Cassada Dilma, era preciso garantir que Lula jamais chegasse novamente ao Planalto. Aliás, é hoje plenamente sabido, o impedimento de que Lula fosse empossado ministro era já parte de uma grande orquestração, criminosamente conduzida pelo hoje ministro da Justiça, pelo Ministério Público Federal, pela Procuradoria Geral da República e por setores majoritários do Supremo Tribunal Federal. A grande mídia amalgamava tudo isto e buscava conferir legitimidade social ao que era essencial e indubitavelmente ilegítimo, imoral e ilegal. As panelas, em mãos manipuladas, gritavam. O verde-e-amarelo nas ruas falseava um amor à pátria que hoje se envergonha e, envergonhado, se silencia.

A condenação de Lula, numa sentença ridiculamente frágil e sem nenhuma apresentação do crime a ele imputado, e, pior, das provas deste suposto crime; sua confirmação em tempo recorde na segunda instância; o impedimento da sua candidatura à presidência, através de ato do Supremo Tribunal Federal, tudo era parte de uma inegável conspiração. O devido processo legal estava e está destruído, e qualquer um de nós pode ser vítima disto.

A conspiração tinha por finalidade entregar o Brasil à sanha estadunidense e de outras potências, ao capital estrangeiro e nacional, retirando-nos a autonomia e a soberania – o petróleo do pré-sal era e é motivo de cobiça, resta evidente. As reformas trabalhista e da previdência, o enfraquecimento dos sindicatos e dos trabalhadores, o limite dos gastos públicos, a retirada de direitos, o congelamento anunciado do salário mínimo, a redução dramática de investimentos no Bolsa Família e no Minha Casa, Minha Vida, os cortes e ataques à Educação, a ausência de políticas de geração investimentos e empregos, a destruição da Petrobras, esse nosso patrimônio, a guinada conservadora nos costumes, o incentivo à destruição do meio ambiente, os atos de censura às concepções de mundo divergentes, às artes e ao pensamento crítico, o racismo, o sexismo, a homofobia configuram a destruição do estado democrático de direito e de um Brasil que, mesmo com equívocos e inconsistências, apontava para uma nova possibilidade de futura – são, pois, itens essenciais à desconstrução da autoestima do nosso povo e passos fundamentais para a destruição sobretudo das camadas sociais mais empobrecidas e desprotegidas. É um misto de completa ausência de zelo pelo povo, sobretudo o mais pobre, e entreguismo em alto grau, além da destruição do presente e das possibilidades de futuro!

As mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil e seus parceiros são a gota d’água num copo que já transbordava, não deixando mais qualquer margem para dúvidas ou considerações em contrário, ou mesmo para tergiversações: FOI GOLPE! E foi um dos piores golpes já vistos na história do Brasil. Mais que isto: TEM SIDO GOLPE, um atrás do outro, seguidos e constantes. Aqueles que deveriam zelar pela justiça, como valor e como instituição, utilizaram-na como forma de ação política, de forma intencionalmente criminosa.

A eleição de Jair Bolsonaro, em processo flagrante e inquestionavelmente fraudado – pelo ilegal impedimento de um candidato em vias de obter vitória, pela construção de uma candidatura falsamente disruptiva e alternativa, pelo maciço uso de “Fake News” para desconstruir seu adversário e manipular o eleitorado, algo imoral e indefensável – era a “cereja do bolo” nesse teatro de horrores, ilegalidades, imoralidades, crimes e baixezas. Já nem se pode dizer que era um efeito colateral, mas uma alternativa mesmo para consolidar a destruição do Brasil como nação, para garantir a sua entrega aos estrangeiros, para humilhar o seu povo. O entreguismo mais vil e torpe passa diante dos nossos olhos. A soberania nacional está arranhada, talvez mesmo na iminência de ser destruída. Saímos de um admirável país em crescimento para um pária internacional, motivo de chacota e zombaria por todos aqueles que, neste momento, como nós, se veem estarrecidos pelo que se passa no Brasil.

Por todas estas coisas, aqui apenas apontadas e resumidas, o SINPRO-BA manifesta-se

PELA DEFESA DA DEMOCRACIA!

CONTRA A CENSURA!

PELA SOBERANIA NACIONAL!

E POR LULA LIVRE!!!!

Do Sinpro-BA

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