Marielle vive!
Para que tanto ela quanto o País continuem vivendo, é preciso que as perguntas sejam respondidas: quem mandou matar Marielle? E por quê?
O site da revista Marie Claire publicou, nesta terça-feira (14), carta da atriz Dadá Coelho à vereadora Marielle Franco (PSol), assassinada no Rio de Janeiro, nesse mesmo dia, há exatos 5 anos:
“Quem mandou te matar, Mari? Será que aí do além é mais fácil enxergar o mandante, já que aqui na Terra andam fechando os olhos para tanta coisa séria? Quem haveria de te querer mal, criatura? Tanto amor ao próximo, tanto cuidado com a coletividade, os direitos humanos, tanto zelo, uma vida inteira pela frente”, pergunta.
Na mesma revista, também nesta terça-feira, a advogada Lígia Batista, nova presidenta do Instituto Marielle Franco, explica sobre o Festival Justiça por Marielle e Anderson Gomes: “Não é uma celebração, mas uma forma de mostrar que em todos os setores a gente tem pessoas mobilizadas na luta por justiça”. E cobra: “Meia década é tempo demais sem respostas”.
“Meia década é tempo demais” é a expressão que ganhou as ruas e as redes hoje. Segunda-feira (13), conforme a revista Carta Capital, durante o seminário Liberdade de Expressão, Redes Sociais e Democracia, no Centro Cultural da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Púbica, declarou que “Marielle foi assassinada e, no dia seguinte, políticos e autoridades — inclusive do Poder Judiciário — se dedicaram a matá-la novamente”.
“E até hoje é como se houvesse um homicídio por dia. Esse caso da Marielle serve de referência para aquilo que o Brasil não pode e não deve ser.”
Meia década, de fato, é tempo demais para se matar diariamente uma mesma pessoa, assassinando seu corpo, sua memória, sua reputação. No entanto, durante esta meia década, Marielle também se manteve viva como nunca. Diferentemente de “Onde está o Amarildo?”, que caiu no esquecimento, não houve nenhum dia sequer em que a pergunta “Quem mandou matar Marielle e Anderson?” deixasse de ser feita.
Além disso, como escreve Dadá Coelho na carta, “Mudamos os rumos das coisas nas últimas eleições”. E uma das razões que permitiu essa mudança é o fato de que Marielle vive. Anielle Franco se tornou ministra da Igualdade Racial não porque Marielle foi morta, mas porque Marielle vive. Flávio Dino instaurou força-tarefa para desvendar o duplo homicídio não porque Marielle e Anderson foram mortos, mas porque Marielle vive. A milícia que Marielle combatia foi parar dentro do Planalto meses depois de ela ser morta, mas agora foi escorraçada de lá porque, entre tantas questões que tornaram a retomada do Brasil possível, foi porque simbolicamente Marielle vive.
Para que tanto ela quanto o País continuem vivendo, contudo, é preciso que as perguntas não sigam apenas sendo feitas, mas que sejam respondidas: quem mandou matar Marielle? E por quê?
Táscia Souza