Mercado eleva, mais uma vez, projeção de crescimento do PIB brasileiro para 2024
O Boletim Focus, com as previsões de economistas e analistas de mercado consultados pelo BC, também aponta expectativas otimistas para os anos seguintes
por Cezar Xavier
O mercado financeiro brasileiro elevou, pela décima vez consecutiva, a projeção do crescimento da economia do país para o ano de 2024. De acordo com o boletim Focus divulgado ontem (23) pelo Banco Central (BC), a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) agora é de 2,02%, em comparação com a projeção anterior de 1,95% há uma semana.
O Focus, que reúne as previsões de economistas e analistas de mercado consultados pelo BC, também aponta expectativas otimistas para os anos seguintes. Para 2025, a projeção é de um crescimento de 2%, um número que se repete desde as últimas 19 semanas. O mesmo índice é esperado para os anos de 2026 e 2027.
O mercado financeiro tem frequentemente errado e revisado suas projeções sobre o PIB e a inflação devido à complexidade e volatilidade do cenário econômico brasileiro, bem como às incertezas políticas, fiscais e relacionadas à conjuntura internacional. Esses fatores levam os analistas a adotarem um viés pessimista em suas previsões para mitigar riscos e incertezas.
Este é um dos elementos que levam o boletim a indicar um aumento na previsão da inflação para o ano de 2024. Os analistas consultados agora estimam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre o ano em 3,73%, ligeiramente acima da previsão anterior de 3,71%.
Apesar do aumento na inflação, a estimativa para 2024 permanece dentro do intervalo de meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Em relação à taxa básica de juros da economia, conhecida como Selic, o mercado projetou uma desaceleração no ritmo de queda. Os analistas agora preveem que a taxa Selic feche o ano em 9,5%, comparado à previsão anterior de 9,13% há uma semana.
O mercado ignora medidas de governo que estimulam o agronegócio, a indústria e o investimento produtivo, além da gestão direcionada da Petrobras, por exemplo, fatores que geram efeitos em cadeia sobre a economia e impactam o crescimento e a deflação.
Essa projeção reflete uma mudança no ritmo de cortes na Selic, já que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sinalizou a possibilidade de não repetir o mesmo ritmo de redução nas duas últimas reuniões. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, enquanto a redução tem como objetivo estimular a atividade econômica.
Além disso, o boletim Focus também prevê um aumento no valor do câmbio em dólar. A moeda norte-americana é estimada para fechar o ano de 2024 em R$ 5,00, em comparação com a previsão anterior de R$ 4,95 há quatro semanas.
Para os anos seguintes, as projeções indicam uma tendência de valorização do dólar, com estimativas de R$ 5,05 para 2025 e R$ 5,10 para 2026. Esses números refletem a volatilidade e as incertezas do mercado cambial.