Mobilização e unidade são fundamentais para romper a hegemonia da mídia tradicional

Rodrigo ViannaSeja por meio dos blogs, das TVs e rádios na web ou das redes sociais, é fundamental a mobilização dos movimentos sindicais, sociais e progressistas para fazer força contra a hegemonia da mídia tradicional. Essa foi a conclusão comum de todos os quatro debates realizados ontem (9) durante do segundo dia do curso de comunicação promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Os debates, aliás, abriram sugestões para a realização de oficinas práticas de vídeo, rádio e mídias sociais para municiar entidades e organizações com ferramentas para criar ou fortalecer seus meios de comunicação e, consequentemente, sua luta.

O jornalista Rodrigo Vianna, do blog Escrevinhador, foi o primeiro a falar, durante a manhã, sobre o papel da blogosfera. “Nos países que elegeram governos de esquerda na América Latina, o Brasil foi o que menos tocou no tema da comunicação”, criticou. “É preciso disputar a matriz de informação. Justamente no Brasil, onde a militância digital teve papel fundamental nas eleições, o governo não puxou esse debate.”

A TV Web e a sedução do vídeo foram abordados pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, do Viomundo. Segundo ele, as alternativas oferecidas por equipamentos de preço acessíveis e por programas gratuitos na internet podem possibilitar que os movimentos transcendam suas militâncias locais. “Você muda a pauta”, afirmou. “Só não pode cometer o mesmo equívocos que os grandes veículos cometem. É preciso ter preocupação com a credibilidade, com a contextualização das informações, para não disseminar uma informação destorcida, que não corresponda à realidade.”

AzenhaDurante a tarde, Oswaldo Colibri, da Rádio Brasil Atual, e Vívian Fernandes, da Radioagência NP, apresentaram suas experiências sobre como montar uma rádio web. Vívian falou da história das rádios alternativas na América Latina, da experiência agregadora da rádio usada pelo MST na marcha de 2005 e de como há uma busca constante das próprias emissoras por materiais de áudio já prontos, brechas que as entidades e movimentos podem aproveitar. Já Colibri apresentou sua trajetória em rádio junto ao movimento sindical e mencionou a possibilidade de a própria Rádio Brasil Atual reproduzir conteúdo feito pelas entidades, um incentivo à troca de informações. Durante as intervenções, o titular da Secretaria de Imprensa e Comunicação do Sinproep-DF, Trajano Silva Jardim, declarou que o sindicato estuda a possibilidade de montagem de uma rádio web para intensificar o contato com a categoria.

ConceicaoA última mesa do dia, sobre os segredos das redes sociais, foi conduzida por Conceição Oliveira, do blog Maria Frô. “Estamos no fim da era do broadcasting [radiodifusão]. Apesar de termos uma mídia supermonopolizada, não é mais verdade que quem diz para a gente o que é notícia é a mídia formal. A gente já produz muitos ruídos na mídia formal”, enfatizou, repercutindo a notícia de que a Globo retirou de seus conteúdos os links de compartilhamento no Facebook. “Boa sorte para a Globo”, ironizou, ressaltando que não se pode ignorar uma rede onde estão mais de 60 milhões de usuários só no Brasil.

No entanto, ela frisou que a neutralidade na rede está em risco com as modificações feitas no Congresso no projeto  do marco regulatório da internet. “O projeto não pode ser aprovado da forma como está. Temos que lutar para aprová-lo como ele foi concebido em discussão pela sociedade.”

Por Táscia Souza, de São Paulo

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