Não se iluda: Cunha e seu grupo são a maior ameaça à democracia
Artigo de Nathalie Beghin, coordenadora da Assessoria Política do Inesc.
Por que o país está sendo mantido em suspenso por parlamentares que atuam em causa própria, pouco se preocupando com os verdadeiros destinos do país? Tudo que importa para esses seres amorais é defender seus interesses pessoais e daqueles que financiam suas campanhas. O impedimento da Presidenta Dilma é um pretexto para tomar o poder e perpetuar o assalto aos cofres públicos que quotidianamente praticam. São eles que deveriam ser impedidos, pois contra eles há provas concretas de corrupção, tráfico de influência, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e outras tantas acusações.
Se houvesse genuína preocupação com as chamadas ‘pedaladas’ ou com o que alegam ser irresponsabilidade fiscal por parte do Executivo, por que recorrer a manobras obscuras e à votação secreta, a ponto de o Supremo Tribunal Federal suspender tudo até apreciar a matéria?
O que interessa exclusivamente a esses políticos é salvar a pele, e para isso estão dispostos a sacrificar a democracia brasileira. Vejamos alguns exemplos emblemáticos: Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro, é presidente da Câmara dos Deputados e, nesta condição, o terceiro na linha de sucessão à Presidência da República. Tem ficha criminal corrida e milhões na Suíça, e provavelmente em outros paraísos fiscais. Suas falcatruas vêm de longa data, começando no governo Collor, quando presidia a Telerj, companhia telefônica do Rio de Janeiro. Na época, Cunha chegou a ser acusado de participar dos esquemas de corrupção de PC Farias, tesoureiro da campanha eleitoral de Collor e tido como mentor do esquema que derrubou o ex-presidente. Depois, Cunha se envolveu em outros escândalos com a Companhia Estadual de Habitação (Cehab) e Furnas. O deputado também seria investigado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por participar de uma negociação que prejudicou um fundo de pensão de funcionários públicos. Hoje é acusado pela Operação Lava Jato. Um personagem com esse perfil pode ter algum interesse público? É claro que suas estratégias e ações são exclusivamente voltadas para aumentar continuamente seu patrimônio pessoal e seu poder.
Outro com perfil semelhante, ainda que menos brilhante, é o deputado Leonardo Quintão, atual líder do PMDB na Câmara. Foi eleito por Minas Gerais, graças aos fartos recursos das grandes empresas de mineração. Com o apoio de Cunha, virou relator do novo Código da Mineração, projeto que está em discussão na Câmara dos Deputados atualmente. E, pasmem, o documento oficial do projeto de lei proposto para esse novo Código, que define as regras da mineração no país, foi criado e alterado em computadores do escritório de advocacia que tem como clientes mineradoras como Vale e BHP, duas das maiores empresas do setor no mundo. É, essas mesmas que são responsáveis pelo maior crime socioambiental do Brasil, a tragédia de Mariana!
E o Conselho de Ética que é integrado por parlamentares acusados de todo tipo de crimes? A situação é tão vergonhosa que depois de inúmeras manobras até hoje não se consegue dar andamento ao processo de investigação do Deputado Eduardo Cunha.
São personagens como esses que manobram, ameaçam, chantageiam e operam privatizando o Congresso Nacional, sem pudor e sem temor de minar a democracia brasileira e de macular a imagem do Brasil no cenário internacional. Essas atitudes irresponsáveis está nos levando a tempos sombrios. O que acontecerá se o impedimento seguir seu curso, levando consigo o vice-presidente Temer, pois ele é ‘cúmplice’ das acusações feitas à presidenta Dilma? Serão convocadas novas eleições? No meio dessas tantas tensões, que beiram a irracionalidade e deixam o país partido ao meio?
Precisamos ir para as ruas denunciar os verdadeiros culpados e clamar por respeito ao Estado de Direito. Temos que proteger o que conquistamos nos últimos 30 anos e impedir que bandidos e fascistas mandem neste país.
Fora Cunha! Não Vai Ter Golpe!