Nota de repúdio à perseguição e à demissão de professor em Goiás
A Contee, por meio do Sinpro Goiás, teve acesso a vídeo, publicado nas redes sociais do youtuber Gustavo Gayer, em que há exposição em condição vexatória de um professor de sociologia do Colégio Visão, de Goiânia, além de ataques à honra e à imagem de toda a categoria dos professores, acusados de militância para “doutrinação do comunismo” em sala de aula.
Como o Sinpro Goiás denunciou à Contee e em nota de repúdio, após a divulgação do vídeo, com evidente distorção da finalidade da questão cobrada na prova de sociologia, o professor foi demitido pelo colégio e ofendido nas redes sociais do youtuber.
A Confederação endossa a manifestação do sindicato de que o fato causa preocupação e repulsa em toda a categoria dos professores, não apenas de Goiânia, mas de todo o País. A perseguição política e ideológica do professor também afronta a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) na ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 5537, movida pela Contee contra a Lei da Mordaça do estado de Alagoas, com repercussão para todo o Brasil.
A liberdade de ensinar e de aprender e o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas são princípios constitucionais estabelecidos no artigo 206 da Constituição Federal. Antes dele, no artigo 205, a Constituição também estabelece que a educação visa, além da qualificação para o trabalho, ao pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania.
A Contee faz suas as palavras do Sinpro Goiás: “É inaceitável qualquer interferência no conteúdo ministrado em sala de aula com a finalidade de ceifar o direito de propagação do conhecimento e do livre pensamento e, mais ainda, é intolerável a exposição indevida do professor, pois a sua imagem, honra, liberdade de expressão e de ensinar são direitos humanos fundamentais e irrenunciáveis”.
Interessante destacar, como observou o sindicato, que a sociologia, como ciência que se dedica ao estudo das relações sociais e do desenvolvimento da sociedade, busca, inclusive, explicar fenômenos políticos baseados em fake news, esse nicho perverso e mentiroso de atuação em que se insere o youtuber responsável pela ofensa à honra e à imagem de docentes.
“O referido youtuber já foi denunciado por divulgação de informações falsas, inclusive com o bloqueio de sua conta no Twitter, e não teve pudor em agir e expor um trabalhador que apenas executava suas funções de forma digna e profissional”, denunciou o Sinpro Goiás.
Fazendo coro ao sindicato, a Contee repudia as declarações do youtuber Gustavo Gayer e a decisão do Colégio Visão de demitir o professor. A Confederação também manifesta seu apoio ao docente e ao sindicato para que sejam tomadas todas as medidas cabíveis.
Mais uma vez, nas palavras do Sinpro Goiás: “Não podemos compactuar com discursos retrógrados e ofensivos que causam prejuízo a toda sociedade e em especial aos professores, que podem ser vítimas de violência física ou moral praticada por terceiros que são encorajados pela divulgação e propagação de informações falsas e injuriosas, que insistem em distorcer o conceito de ensino para perseguir aqueles que pensam diferente ou que apenas aplicam em sala de aula o conteúdo necessário para estudo da disciplina”.
Brasília, 30 de junho de 2022.
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee, endossando a nota do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás — Sinpro Goiás