Novo Ensino Médio: “A bandeira era e é pela revogação”, afirmou Allysson Mustafa
Para a Contee o texto aprovado no Senado ainda não é o ideal, mas trouxe avanços importantes. A entidade segue defendendo a revogação do Novo Ensino Médio como o melhor caminho
Em votação simbólica, o PL 5.230/2023 que reformula o Novo Ensino Médio foi aprovado no Senado, no dia 19 de junho. A matéria sofreu alterações e volta a tramitar na Câmara. O relatório aprovado é de autoria da professora Dorinha (União-TO).
A expectativa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) é que os avanços alcançados no Senado sejam mantidos na Câmara e que outras melhorias venham à tona, já que o ato de revogação, defendido pela entidade, se apresenta mais complexo na atual conjuntura.
O Coordenador da Secretaria de Assuntos Educacionais e Formação da Contee, Allysson Queiroz Mustafa, disse que diante do cenário político e da correlação de forças no Congresso, o texto do Senado em relação àquele que veio da Câmara evoluiu e traz pontos positivos. Porém, ele ponderou que é preciso considerar que nenhum dos dois – e nem mesmo a proposta original do Governo – resgata o Ensino Médio anterior à reforma de 2017.
“A bandeira de luta era e é pela revogação. No entanto, justamente pelo entendimento das circunstâncias políticas, precisamos trabalhar pela melhora no texto em debate, já que a revogação propriamente dita não encontra espaço para avançar no Legislativo”, declarou Mustafa.
Allysson colocou também que o ideal e correto seria retomar as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em 2012, porque elas já traziam uma perspectiva modernizante buscando mais aderência à realidade social do século XXI, promovendo integração entre áreas de conhecimento, projetos e desenvolvimento da cidadania.
Mustafa enfatizou que as diretrizes estabelecidas em 2012 sequer foram aplicadas, em razão de o cenário político de 2013 em diante ter gerado impedimentos.
“Na impossibilidade da revogação do Ensino Médio de 2017 e da aplicação das Diretrizes de 2012, o que temos é o texto saído do Senado como melhor alternativa entre aquelas efetivamente possíveis. Ainda que tenhamos ressalvas e contrariedades, consideradas as condições atuais, é este texto que vamos defender que a Câmara aprove, sobretudo sabendo que naquela Casa já há movimentos no sentido de resgatar o seu texto, rechaçando os avanços construídos no Senado”, finalizou.
Novo Ensino Médio: conquistas no Senado
- Retomada das 2.400 horas para a formação geral básica, importante instrumento para garantir que a educação cumpra seus princípios constitucionais de formação para o exercício da cidadania e para o mercado de trabalho.
- Retomada da obrigatoriedade do ensino de Língua Espanhola, reconhecendo o seu papel na facilitação de uma maior integração do Brasil diante das demais nações do subcontinente sul-americano e da América Latina como um todo.
- Garantia de que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – sobre a qual temos críticas – sirva de parâmetro, de forma exclusiva, para os exames nacionais, impedindo que conteúdos estranhos e/ou excessivamente regionalizados sejam utilizados em provas de caráter nacional.
- Ampliação da carga horária, ainda que a partir de 2029, da carga horária para o ensino técnico, garantindo mais solidez na formação geral básica desta modalidade.
- Ajuste dos itinerários formativos à BNCC e suas áreas de conhecimento. Os itinerários formativos são disciplinas, projetos, oficinas e núcleos de estudo que os estudantes podem escolher nos três anos da última etapa da educação básica.
- Indexação da oferta de cursos técnicos ao Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, eliminando a possibilidade de oferta de cursos sem aderência à realidade e às demandas do mercado.
Por Romênia Mariani