O CES em Campinas, uma experiência interessante!
Por Augusto César Petta*
Entendemos que o processo de formação política e sindical desenvolvido pelo Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho – CES tem que ser contínuo, buscando atingir da forma mais ampla possível sindicalistas e trabalhadores em geral. Nesse sentido, temos tomado algumas iniciativas de formação em Campinas que estão sendo muito bem sucedidas. Os convites são feitos às entidades, sejam filiadas ou não a centrais sindicais e a sindicalistas, assessores sindicais, estudantes, sejam ou não filiados a partidos políticos.
Em 2013, tivemos a primeira etapa do Curso de Gestão Sindical, que contou com a participação de 41 sindicalistas; em 2014, com duas etapas de Gestão Sindical, repetiu-se o número de participantes (41). Os sindicalistas tiveram aulas, nesses cursos, sobre Importância do Planejamento Estratégico Situacional, Importância da Formação Política e Sindical, Direitos Trabalhistas, Oratória, Comunicação Sindical e Organização por Local de Trabalho.
Em 2015, no mês de março, com 62 participantes, realizamos a palestra “Mídia e Sindicalismo”, tema de fundamental importância no momento atual, em que a deturpação das informações prevalece nos meios de comunicação dominados pela ideologia burguesa. O palestrante foi o jornalista Altamiro Borges, autor do livro “A Ditadura da Mídia”, fundador e presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé. Considerando que as entidades sindicais precisam se envolver na luta ideológica – além das lutas econômicas e políticas -, estudar e aprofundar a compreensão sobre a influência poderosa da mídia na mente das pessoas, torna-se algo de absoluta importância. Os sindicalistas precisam encontrar formas adequadas para se contraporem às influências nefastas das mentiras veiculadas na mídia. Se é verdade, como dizia Marx que “as ideias dominantes de uma época são as ideias das classes dominantes”, também é verdade que as classes dominadas, no decorrer da história, têm conseguido formular ideias que se contrapõem às ideias dominantes.
No último dia 20 de Maio, o CES, juntamente com o Sinpro Campinas e região, o Seaac Campinas e região, o Sindicato dos Comerciários de Campinas, Valinhos e Paulínia e o Sindicato dos Metalúrgicos de Jaguariúna promoveram a palestra sobre “Terceirização: quais os prejuízos para o trabalhador?”, proferida pelo professor e advogado José Geraldo de Santana Oliveira. A palestra contou com 71 participantes, reunindo sindicalistas de 12 entidades sindicais, militantes sindicais da base de quatro entidades, alunos de Direito e de Psicologia e alguns advogados trabalhistas e jornalistas. Esses sindicalistas são diretores de entidades sindicais filiadas a CTB, CUT, Força Sindical, UGT e Nova Central, além daqueles cujas entidades não são filiadas a nenhuma central.
Segundo o professor Santana, “a terceirização, cantada em prosa e em desafinados versos, pela maioria dos deputados, e por todos os empresários, tem uma só finalidade: a precarização dos direitos fundamentais sociais; ao contrário dos hipócritas discursos dos seus defensores, nunca visou à regulamentação dos direitos dos trabalhadores terceirizados, hoje, quase sem eles; busca, isto sim, a terceirização de todos, com o único propósito de reduzir drasticamente, de preferência, a zero, seus direitos”.
Estamos diante de um grande desafio para o movimento dos trabalhadores. Se o PL 4330 for sancionado da forma como está aprovado pela Câmara Federal, praticamente rasga-se a CLT, que com todos os limites que apresenta, tem se constituído num grande instrumento de defesa dos trabalhadores. Veja as palavras do desembargador do TRT/SP, Sergio P. Martins, em seu livro “A terceirização e o Direito do Trabalho: “Como desvantagem para o trabalhador, pode-se indicar a perda do emprego, em que tinha remuneração certa por mês, passando a tê-la incerta, além da perda dos benefícios sociais decorrentes do contrato de trabalho e das normas coletivas da categoria. O trabalhador deixa de ter uma tutela trabalhista de modo a protegê-lo…”.
Portanto, os cursos e palestras realizadas e as que pretendemos realizar daqui para a frente, tratam de temas de fundamental interesse para as entidades sindicais, constituindo-se em atividades formativas básicas, que permitem aos sindicalistas terem uma instrumentação teórica para o enfrentamento das questões práticas. Esperamos que essa experiência possa ser desenvolvida em outras cidades, reunindo sindicalistas das mais diversas categorias e das mais variadas concepções sindicais. Além do debate, do estudo de temas muito importantes, esses encontros formativos poderão contribuir para que as entidades possam se articular, de forma unitária e classista, na defesa dos interesses próximos e estratégicos da classe trabalhadora.
Para que essas atividades sejam realizadas sem que o CES tenha uma estrutura básica em Campinas (como sede, secretário(a), computadores etc.), contamos com o apoio da diretoria e equipe técnica do CES e com sindicalistas da cidade e região. Merecem destaque nesse trabalho das quatro atividades formativas realizadas até agora a professora Liliana Lima, diretora de formação do Sinpro Campinas e Região e diretora da Apropucc, o militante sindiviário Reginaldo Batista de Paiva e a jornalista do CES Thatiane Ferrari. Agradecemos aos três companheiros citados e a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuem para que a formação dos trabalhadores e das trabalhadoras se desenvolva em Campinas e Região.
*Augusto César Petta é sociólogo, professor, coordenador-técnico do CES, ex-presidente da Contee e do Sinpro Campinas e Região.