Onde está Santiago Maldonado?

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee se une às demais manifestações de solidariedade à família e aos movimentos sociais argentinos no anseio pelo aparecimento com vida de Santiago Maldonado. O artesão e ativista desapareceu no último dia 1° de agosto, enquanto participava de uma manifestação do povo Mapuche, na província de Chubut.
Durante o ato, realizado em protesto contra a prisão de Facundo Jonas Huala, líder indígena tido como preso político e cuja extradição é pedida pelo governo chileno por suposto terrorismo, a Polícia Nacional atacou a comunidade Mapuche, agrediu os militantes, ateou fogo em seus pertences e atirou balas de borracha na direção da manifestação. Duas testemunhas afirmaram que Santiago Maldonado foi levado pela polícia. Desde então, ele não foi mais visto.
Desaparecimentos forçados são uma triste marca da história argentina, onde milhares de vítimas da ditadura jamais foram encontradas. Na verdade, são uma triste marca da história latino-americana, tendo sido uma prática de terror adotada também em outros países, como Chile e Brasil — onde, aliás, casos como o de Amarildo Dias de Souza, auxiliar de pedreiro desaparecido na favela da Rocinha em 2013, comprovam a persistência desse crime dentro do aparelho policial que sobreviveu ao regime ditatorial.
A campanha que pede o reaparecimento com vida de Maldonado ganhou as ruas da Argentina, ultrapassou as fronteiras do país e chegou até a Organização das Nações Unidas (ONU), que solicitou um relatório sobre o caso. No documento, encaminhado pela procuradora Silvina Ávila, a Argentina admite à ONU que Maldonado desapareceu “durante um procedimento realizado por uma força federal”. No entanto, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, afirmou que não havia indícios de que o ativista estivesse na manifestação, tentando desconstruir a tese de “desaparecimento forçado”.
Num momento marcado por retrocessos e graves violações de direitos humanos, perguntar “Onde está Santiago Maldonado?” é dever do mundo. Juntamente com a sociedade argentina, a Contee exige respostas sobre o paradeiro do artesão e que o governo Macri tome todas as medidas necessárias para garantir sua aparição com vida.
Brasília, 5 de setembro de 2017.
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino — Contee


