Outubro foi o pior mês do ano para negociações, constata Dieese
Além do desemprego em massa e redução de direitos a crise sanitária e econômica criou notáveis dificuldades para as categorias nas negociações salariais, que para muitos trabalhadores e trabalhadoras têm sido concluídas com redução dos salários reais e retrocesso nos direitos. Ao invés de melhorar com os sinais de recuperação econômica, ainda que frágeis, a situação está piorando, conforme sugere levantamento do Dieese.
Cerca de 48% dos reajustes salariais analisados na data-base outubro ficaram abaixo de 3,89%, percentual referente à inflação acumulada nos 12 meses anteriores, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE).
O percentual de reajustes abaixo deste índice em outubro é quase 22 pontos percentuais superior ao apurado em setembro, o que indica, até o momento, o pior resultado das negociações no ano.
Em 2020, até outubro, cerca de 41% dos reajustes analisados resultaram em ganhos reais. Aumentos iguais ao INPC-IBGE foram observados em 31% das negociações, enquanto 28% ficaram abaixo da inflação medida por esse índice.
Outros dados das negociações de 2020:
A maior parte dos reajustes acima da inflação trouxe ganhos de até 1%
• 18,3% dos reajustes com ganhos de até 0,5%
• 12,8% dos reajustes com ganhos entre 0,51% e 1%
8,8% dos reajustes resultaram em perdas reais de até 0,05%
8,0% dos reajustes tiveram perdas reais de 2,01% a 3%
A variação real média no ano é de -0,07
Houve queda de 9% no número acordos e convenções coletivos registrados no Mediador em 2020, na comparação com 2019 (período de janeiro a outubro dos dois anos).
O número de acordos e convenções com reajustes salariais caiu mais (-32%).
Entre as principais categorias profissionais, as que tiveram maior queda no número de reajustes são:
• Professores e auxiliares de administração escolar (rede privada): -84%
• Securitários: -78%
• Gráficos: -58%
• Vigilantes -53%
Poucas categorias tiveram mais reajustes em 2020 do que em 2019. As que se destacam são:
• Trabalhadores em processamento de dados: mais 62%
• Trabalhadores na indústria da borracha: mais 25%
Por unidades da Federação, as maiores quedas na quantidade de reajustes ocorreram em:
• Alagoas: – 61%
• Rio de Janeiro: -53%
• Rio Grande do Norte: – 53%
• Sergipe, -51%
• Paraíba, -50%
Apenas Roraima registrou crescimento no número de reajustes, em torno de 29%.
Acesse aqui o boletim De Olho nas Negociações do Dieese.