Para aproveitar as férias: Dicas de livros II

A Revista Conteúdo de maio de 2013 trouxe muitas sugestões de livros retratando ao universo dos trabalhadores. Que tal aproveitar as férias?

Levantado do chão
Autor: José Saramago
Editora: Bertrand Brasil

O romance, publicado em 1980, retrata a luta obstinada e de muitos sacrifícios de um povo, feita num ambiente de miséria rural, face às forças opressoras (os latifundiários, as forças da ordem e a Igreja). É considerado uma fotografia do movimento antifascista no Alentejo, no qual Saramago revela bem as suas opções políticas.

Saramago fala sobre a obra: “Acho que do chão se levanta tudo, até nós nos levantamos. E sendo o livro como é – um livro sobre o Alentejo – e querendo eu contar a situação de uma parte da nossa população, num tempo relativamente dilatado, o que vi foi que todo o esforço dessa gente de cujas vidas eu ia tentar falar é no fundo o de alguém que pretende levantar-se. Quer dizer: toda a opressão econômica e social que tem caracterizado a vida do Alentejo, a relação entre o latifúndio e quem para ele trabalha, sempre foi – pelo menos do meu ponto de vista – uma relação de opressão. A opressão é, por definição, esmagadora, tende a baixar, a calcar. O movimento que reage a isto é o movimento de levantar: levantar o peso que nos esmaga, que nos domina. Portanto, o livro chama-se ‘Levantado do chão’ porque, no fundo, levantam-se os homens do chão, levantam-se as searas, é no chão que semeamos, é nos chão que nascem as árvores e até do chão se pode levantar um livro.”

Vidas secas
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record

O livro, narrado em terceira pessoa aborda uma família de retirantes do sertão brasileiro, sendo a sua vida sub-humana condicionada diante de problemas sociais como a seca, a pobreza e a fome. O romance retrata fielmente a realidade brasileira de injustiça social, miséria e desigualdade.

Nihonjin
Autor: Oscar Nakasato
Editora: Benvirá

Hideo Inabata é um japonês orgulhoso de sua nacionalidade, que chega ao Brasil na segunda década do século XX com o objetivo de enriquecer e cumprir a missão sagrada de levar recursos ao Japão, conforme orientação do imperador aos seus súditos. O árduo trabalho no campo, a difícil adaptação ao Brasil, a morte da primeira esposa e os conflitos com os filhos Haruo e Sumie são um teste para a inflexibilidade do nihonjin (japonês). O narrador, neto do protagonista e filho de Sumie, empresta voz e visão contemporânea à transformação do avô e do seu sonho de voltar rico para casa. Nihonjin, romance de estreia de Oscar Nakasato, foi o vencedor do 1º Prêmio Benvirá de Literatura e ganhador do Jabuti de melhor romance em 2012.

Coleção Mundo do Trabalho
Organizador: Ricardo Antunes
Editora: Boitempo

A coleção Mundo do Trabalho reúne estudos sobre o trabalho e sua centralidade, análises do sindicalismo, questões de gênero e o impacto das transformações trazidas pela globalização. São leituras para a reflexão acerca do mundo do trabalho, abordando seu passado, presente e formulando perspectivas para o futuro.

A Santa Joana dos Matadouros
Autor: Bertolt Brecht
Editora: Cosac Naif

Uma das grandes peças do século XX, é ambientada nos matadouros de Chicago e segue o aprendizado político da operária Joana Dark frente às maquinações patronais da indústria de carne enlatada. O apêndice à edição traz um panorama crítico com reflexões sobre a obra de Brecht feitas por ele mesmo, Walter Benjamin, Günter Anders, Theodor Adorno, Jean-Paul Sartre e Roland Barthes, selecionadas por Roberto Schwarz.

Espere a primavera, Bandini
Autor: John Fante
Editoras: Bestbolso e José Olympio

Clássico de John Fante, no qual ele retrata a vida do adolescente Arturo Bandino em uma pequena cidade do Meio-Oeste americano, e mergulha na revolta dos que vivem à margem do sonho americano. Svevo Bandini, pai de Arturo, é um pedreiro que é impedido de conseguir trabalho pela neve do inverno. E, por isso, a família passa dificuldades. A dívida no armazém cresce a cada dia, as roupas dos garotos estão gastas e não há dinheiro para comprar novas. Svevo, que normalmente já é um homem rude, fica cada vez mais nervoso e distante de sua família. Além disso, Arturo tem seus próprios problemas: indisciplinado que é, quase sempre está metido em alguma confusão, e tem vergonha de ser descendente de italianos, por conta do preconceito que há contra imigrantes.

A ilha – Um repórter brasileiro em Cuba
Autor: Fernando Morais
Editora: Cia das Letras

Logo que foi lançado, em 1976, “A Ilha” transformou-se num dos maiores sucessos editoriais brasileiros. Escrito com o objetivo de ser, como o qualificou Antonio Callado, “uma singela reportagem” sobre Cuba, o livro teve trinta edições esgotadas, passou mais de sessenta semanas nas listas de mais vendidos e foi traduzido na Europa, Estados Unidos e América Latina. Em plena ditatura militar, chegou a ser proibido em dois estados, acusado de fazer apologia à revolução cubana.

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