PGR abre apuração sobre apologia ao nazismo por Monark e Kim Kataguiri
A assessoria criminal da Procuradoria-Geral da República abriu hoje um procedimento para apurar se houve apologia ao nazismo por parte do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) e do apresentador do Flow Podcast, Bruno Aiub, o Monark, durante o programa transmitido nesta segunda-feira (8).
A abertura da investigação foi determinada pelo procurador-geral, Augusto Aras. No programa, do qual participaram Kataguiri e a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), Aiub se disse favorável à existência de um partido nazista no Brasil.
Caso se conclua que houve algum tipo de crime na fala do deputado e do apresentador, a PGR poderá denunciálos – ao STF, no caso de Kataguiri, e à Justiça de São Paulo, no caso de Monark. Em nota, Kataguiri criticou a postura do PGR Augusto Aras e disse que vai colaborar com as investigações porque seu discurso no podcast foi “absolutamente anti-nazista”.
No podcast, Monark disse achar que “o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei.” E prosseguiu: “As pessoas não tem direito de ser idiotas? A gente tem que liberar tudo”. Ao ser contestado por Tabata, que afirmou que a liberdade individual termina a partir do momento que fere a de outra pessoa, Monark reforçou: “A questão é: se o cara quiser ser um anti-judeu ele tinha que ter direito de ser”, complementou.
Já Kim disse que achava errado a Alemanha ter criminalizado o nazismo depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando o governo nazista liderado por Adolf Hitler promoveu o extermínio de milhões de judeus e outros grupos.
“O que eu defendo que acredito que o Monark também defenda, é que por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco que o sujeito defenda, isso não deve ser crime”, disse Kataguiri. “Porque a melhor maneira de você reprimir uma ideia é […] é você dando luz naquela ideia, para ela seja rechaçada socialmente e então socialmente rejeitada”…
Diante da repercussão, Aiub pediu desculpas em um vídeo divulgado em suas redes sociais, alegando que estava bêbado e que não defende crimes contra a humanidade.
Kataguiri também divulgou um vídeo em que afirmou que sua fala no programa foi distorcida pela mídia. “Todo mundo na mesa concorda absolutamente em repudiar o nazismo, rechaçar e combate o nazismo. A discussão era: Qual a melhor maneira de combater o nazismo? Não tem ninguém mais pró-Israel dentro do parlamento do que eu.”
Sobre a investigação da PGR, Kataguiri enviou uma nota em que diz que “é aterrador que o PGR, que sempre faz vista grossa para crimes que realmente aconteceram tenha agido tão rápido”, e afirma que vai colaborar com as investigações porque seu discurso no programa foi “absolutamente anti-nazista”
Mesmo assim, patrocinadores do podcast repudiaram a fala e encerram contratos. O episódio foi retirado do YouTube. Nesta terça-feira, Monark foi desligado do Flow.
Nota enviada pelo deputado Kim Kataguiri – “É aterrador que o PGR, que sempre faz vista grossa para crimes que realmente aconteceram tenha agido tão rápido. Quando há claros indícios de crime cometido pelo presidente da República, Augusto Aras nada faz. Porém, diante de uma conduta claramente de mero debate em um podcast, Aras age rapidamente – e com inquestionável cunho político para perseguir minha conduta de oposição ao Governo Bolsonaro. É um contrassenso. Vou colaborar com as investigações pois meu discurso foi absolutamente anti-nazista, não há nada de criminoso em defender que o nazismo seja repudiado com veemência no campo ideológico para que as atrocidades que conhecemos nunca sejam cometidas novamente. Ao contrário das pessoas privilegiadas pela inércia de Aras, nada tenho a esconder.”