Pivô do “laranjal” do PSL, ministro é demitido após acusar aliado de desonestidade

Marcelo Álvaro Antônio chamou de "traíra" o secretário de Governo, Luiz Eduardo Ramos, a quem acusou de negociar cargos

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quarta-feira (9), após brigar com o ministro da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos.

Em mensagem no grupo de WhatsApp da equipe de ministros, Marcelo acusou o militar de negociar seu cargo à frente do Turismo com partidos do “centrão“, o bloco de apoio parlamentar ao governo no Congresso.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o então ministro chamou Ramos de “traíra” e afirmou que o aliado age “de forma covarde” e ataca “sem parar” os apoiadores conservadores do presidente.

Ainda conforme o relato, Antônio disse ao secretário de Governo que não se abandona um “companheiro de guerra aos inimigos” e que não se pode “atirar na cabeça de um aliado”.

O substituto escolhido por Bolsonaro para a pasta é o presidente da Embratur, Gilson Machado. O anúncio oficial deve ser feito nas próximas horas pelo governo.

Ele deve ficar temporariamente no cargo, até que a reforma ministerial prevista pelo Executivo para o começo do ano que vem seja efetivada.

Laranjal

Marcelo Álvaro Antônio é o pivô do esquema de candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais. Em outubro de 2019, ele foi indiciado pela Polícia Federal (PF) sob suspeita dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.

O Ministério Público de Minas Gerais também denunciou o ex-ministro – neste caso, a investigação concluiu que o ministro comandou um esquema de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas femininas de fachada nas últimas eleições.

O caso dos laranjas saiu do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais e está atualmente no STF (Supremo Tribunal Federal), sob a alçada do ministro Gilmar Mendes, que analisa pedido da defesa para anulação de toda a operação

Embora vários aliados de Antônio tenham sido presos por causa do escândalo, Bolsonaro sempre o defendeu e se recusou a demiti-lo para protegê-lo. Só o desagrado a Ramos e ao “centrão” foi capaz de fazer o presidente mudar de ideia.

Brasil de Fato

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