PoA, RJ e SP: atos pela libertação de Julian Assange estão marcados para esta terça-feira (20/02)
Fundador do WikiLeaks está sendo processado nos Estados Unidos por ter publicado, desde 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais
Entidades de jornalistas e movimentos populares estão mobilizando atos pelo Brasil, para esta terça-feira (20/02), em prol da liberdade de Julian Assange, fundador do Wikileaks.
Intitulado como o “Dia D”, os atos estão marcados para ocorrer no mesmo momento em que o Tribunal Superior de Justiça de Londres examinará um novo recurso do australiano contra sua extradição para os Estados Unidos.
Dois juízes britânicos irão examinar nesta terça a decisão do Tribunal Superior de Justiça de Londres, tomada em 6 de junho, de negar a Assange a permissão para recorrer de sua extradição para os Estados Unidos, aceita em junho de 2022 pelo governo britânico.
Se Assange falhar nesta última tentativa perante a Justiça britânica, ele terá esgotado todas as vias de recurso no Reino Unido. No entanto, um último recurso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) “ainda é possível”, afirmou o grupo de apoio “Free Assange” em um comunicado divulgado em dezembro.
Com 52 anos, Assange está sendo processado nos Estados Unidos por ter publicado, desde 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas do país norte-americano, especialmente no Iraque e no Afeganistão. Ele foi detido pela polícia britânica em 2019, atualmente está preso na penitenciária de segurança máxima Belmarsh, em Londres.
Antes passou sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar extradição para a Suécia. Caso seja extraditado, ele poderá ser condenado a uma pena de 175 anos em prisão de segurança máxima em condições desumanas.
Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo com atos programados
As vozes que ecoam palavras pela libertação do jornalista em todo o mundo poderão ser ouvidas em três capitais brasileiras que possuem representações diplomáticas do Reino Unido, sendo Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.
Na capital gaúcha o ato tem início às 17h30 e está sendo organizado pela Associação José Marti, MST/RS, Levante Popular da Juventude e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC RS).
Para a presidente do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS), Laura Santos Rocha, caso persista uma condenação, esta abrirá precedentes preocupantes para toda a categoria de jornalistas. “Nós condenamos qualquer tipo de criminalização contra as e os jornalistas no exercício profissional, como forma de tentar deter a publicação da verdade e de intimidar a liberdade de expressão. É preocupante que isso ocorra no mundo todo e, por esse motivo, precisamos unir forças para lutar pela liberdade de Julian Assange”, avaliou Rocha.
Entidades de jornalistas e movimentos populares estão mobilizando atos pelo Brasil para esta terça-feira (20/02)
A jornalista ressaltou também que o que está ocorrendo com Assange nada mais é do que violar os direitos humanos de um comunicador. “É importante barrar essa forma condenável de querer calar as nossas vozes. O cerceamento judicial, segundo o último Relatório de Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), aumentou no Brasil, no último ano. Lutar pela liberdade de Assange é defender a imprensa livre, é acabar com esse tipo de punição contra as e os jornalistas, que têm como dever profissional transmitir a verdade dos fatos à sociedade”, declarou.
O ato na Esquina Democrática, centro da capital gaúcha, contará com uma apresentação artística da atriz/atuadora Tânia Farias, que há mais de duas décadas integra a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Abraçando a atuação e o ativismo, a artista acredita que a não subserviência do fundador do Wikileaks é uma afronta à hipocrisia dos políticos americanos.
“A questão do Assange nos faz pensar sobre estes valores que os governos norte-americanos não se cansam de proclamar como a liberdade e a democracia. E a contradição quando este mesmo discurso serve de justificativa pra interferir na liberdade e democracia de países que não se submetem a eles. A liberdade, no caso de Julian Assange, é justamente o que eles não deram a este jornalista e ativista, que mostrou compromisso profundo com a verdade”, declara.
Já para Juliana Bergmann, da direção estadual do Levante e diretora de Relações Internacionais da União Nacional de Estudantes (UNE), algo que preocupa é o risco de morte implicado na extradição de Assange. “Ele vem sofrendo diversas ameaças ao longo da década, que resultaram no seu adoecimento físico e mental, seus direitos humanos vêm sendo constantemente violados”, disse.
Ainda segundo Bergmann, a luta pela liberdade do jornalista não é só pelo indivíduo, é defender uma luta coletiva e internacional. “É garantir aos jornalistas e comunicadores o direito de liberdade de contar os acontecimentos a partir de um olhar crítico para o sistema em que estamos inseridos. Atos e uma grande mobilização da sociedade são essenciais pela urgência da causa e a necessidade de garantir a vida de Julian Assange”, defendeu.