Professores se mobilizam contra ‘reestruturação’ do ensino na FMU

São Paulo – As Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), pertencentes ao grupo internacional Laureate, anunciaram “reestruturação” no final do primeiro semestre, com redução de 25% das aulas a partir de agosto, acarretando na redução da carga horária dos professores, e também em demissões.

Segundo o presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp), Celso Napolitano, essas e outras medidas tomadas pelo grupo Laureate – como a fusão de disciplinas e a junção de turmas – comprometem a qualidade do ensino e têm como único objetivo a redução de custos para garantir aumento dos lucros, num cenário cada vez mais comum no setor que vive uma “invasão” de gigantes mundiais do ensino.

À Rádio Brasil Atual nesta sexta-feira (18), Napolitano diz ter recebido denúncias de estudantes e professores, por exemplo, sobre o caso de três disciplinas do curso de Biomedicina que tinham carga horária de 66 horas mensais e foram fundidas em apenas uma, com carga de 80 horas. Junção de turmas do mesmo curso resultam em salas superlotadas com mais de 100 alunos, como teria ocorrido no curso de Direito.

O presidente da Fepesp chama a atenção para o fato de a redução de carga horária não ter sido acompanhada da devida redução do preço das mensalidades. Segundo o presidente da Fepesp, o aluno está levando só 75% da “mercadoria” anteriormente adquirida.

“Quando o aluno escolheu a FMU, e se submeteu a pagar uma mensalidade, que não é baixa, adquiriu um produto que tinha uma determinada qualidade. Unilateralmente, valendo-se da autonomia universitária, simplesmente cortaram a carga horária ao mínimo exigido”, explica Napolitano.

Ele diz que Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP) e a Fepesp buscam um acordo, na Justiça do Trabalho, para garantir que os professores não sofram redução nas suas remunerações.

Na medida em que a instituição atende um grande número de alunos oriundo dos programas ProUni e Fies, Napolitano diz que o governo federal deveria exercer maior fiscalização, por conta das verbas públicas investidas, e afirma que a falta de ação nesse sentido é mais um reflexo do “desmonte” que o “desgoverno” Temer – “que golpeou as instituições democráticas do país” – vem promovendo.

Na última segunda-feira (14), foi realizada uma audiência pública na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados para discutir a questão. Entre outras ações, ficou acertada a criação de um grupo de juristas para estudar medidas a serem tomadas nos tribunais superiores, visando a recorrer das demissões e lutar pela melhora das condições de trabalho na FMU.

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Da Rede Brasil Atual

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