Pronatec tem nova “versão” mais ligada às empresas
Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo
O Pronatec Brasil Maior, programa que vai oferecer, em uma primeira fase, 118 mil vagas em cursos de qualificação diretamente ligados à demanda das empresas, será lançado hoje em Brasília. O programa é resultado de parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e o sistema S (Sesi, Sesc, Senai) e os cursos estão inseridos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A diferença é que as vagas abertas atendem a necessidades específicas de mão de obra que foram definidas pelas empresas.
Com oito meses de gestação, o novo programa usou metodologia diferente da usada pelo Pronatec para mapear os cursos que a indústria nacional demanda, e em quais municípios se encontram as vagas que precisam de maior qualificação do que a atual. O levantamento foi feito a partir das entidades empresariais de 11 setores.
Com base nos dados coletados, o mapeamento das vagas foi coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento. Nelson Fujimoto, secretário de Inovação do ministério, afirma que foi um processo “de trás para frente”. Entidades como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) consultaram as empresas filiadas para conhecer a demanda atual e futura.
A iniciativa de criar um novo programa dentro do Pronatec começou nas câmaras de discussão do Plano Brasil Maior. As entidades empresariais apresentaram uma lista de vagas que necessitam de novos trabalhadores qualificados e também de postos já preenchidos, mas com empregados que precisam de requalificação.
Sem previsão de data para o preenchimento das 118 mil vagas iniciais, um novo levantamento já está sendo realizado. ” Até o fim do ano que vem, o programa deve ser ampliado para 250 mil vagas”, afirma Fujimoto.
Na primeira fase, que entra em vigor a partir da assinatura do convênio de cooperação, alguns setores importantes ficaram de fora. A indústria têxtil (47 mil vagas demandando formação), construção civil (29 mil), energias renováveis (18 mil) e complexo eletroeletrônico (13 mil), somados, representam 92% dos cursos oferecidos.
Os setores químico e petróleo e gás, por exemplo, devem entrar na segunda fase do programa. Os cursos mapeados são de Formação Inicial e Continuada (FIC), com carga horária mínima de 160 horas e máxima de 600 horas. No mapeamento, São Paulo (38 mil cursos), Santa Catarina, (12 mil), Rio (10 mil) e Minas Gerais (10 mil) serão os Estados com maior presença na primeira fase do programa. Outros 15 Estados também participam.
Outra diferença entre o novo programa e o Pronatec é a parceria com a iniciativa privada para chegar à “necessidade real de algumas áreas estratégicas”, diz Fujimoto. Para oferecer as 118 mil vagas, o MEC deve desembolsar R$ 400 milhões. “O programa visa suprir a lacuna de mão de obra da indústria, tanto emergencial quanto futura, e dar maior competitividade às empresas”, diz o secretário, citando como exemplo o setor têxtil.
Apesar das demissões dos últimos anos, a indústria têxtil foi o segmento que mais demandou qualificação da mão de obra até o momento, diz Fujimoto. “O setor precisa se modernizar e está fazendo isso também através do processo de produção. E um pouco disso passa por melhorar a produtividade de quem já está empregado.”
Do Valor Econômico