Proposta do governo para professores é aceita em universidades, diz ministra
Ministério da Gestão pediu aos professores de universidades e institutos federais que entrem em acordo até esta segunda (27). Postura do governo incomodou alguns setores, que apontaram intransigência. Nesta sexta, eles decidiram também que não assinarão proposta
Por Clara Assunção
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, disse na sexta-feira (24) que a proposta do governo para os professores das universidades e institutos federais tem sido aceita pelos servidores. Em entrevista coletiva organizada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, com participação de veículos da mídia independente, a ministra disse, porém, que ainda não há um balanço sobre a adesão.
Mas que o aceite da proposta apresentada pela pasta aos representantes dos docentes, em 15 de maio, também tem mostrado que o processo está chegando ao fim. “A gente tem negociado com várias carreiras e dito: ‘Gente, essa é a última proposta’. A gente chegou no limite. Foi o que a gente fez. É claro que se as categorias docentes dissessem que daria pra fazer algum ajuste, a gente faria. Mas algumas universidades já estão aprovando. E na medida em que as universidades vão aceitando, a proposta está finalizada”, disse a ministra.
A ministra também se referiu à devolutiva positiva de alguns setores dos docentes – alguns em greve, outros mobilizados – para justificar um e-mail que a pasta enviou aos sindicatos na quarta (22), comunicando o fim da negociação.
Professores acusaram ação do governo de autoritária
No e-mail, a pasta desfez mal entendidos, segundo os quais a reunião desta segunda (27) daria continuidade ao processo de negociação. Frisou, pois, que na mesa realizada no último dia 15 o governo havia apresentado a sua proposta final, que deveria ser submetida às assembleias das categorias pelas entidades representativas. E que o encontro do dia 27, portanto, teria vez a assinatura do Termo de Acordo, “não restando, portanto, margem para recepção de novas contrapropostas”.
A mensagem foi mal recebida pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). Na ocasião, a entidade sindical afirmou que a mensagem do governo “reforça autoritarismo e ameaça à greve” e que quer seguir discutindo as propostas de reajuste salarial.
“Não é uma questão autoritária; faz parte do processo. Nossa negociação chegou no máximo pra gente. Gostaríamos de poder dar mais? Sim, se tivesse espaço. Mas temos de olhar também as demais categorias, para o resto do orçamento. Essa foi a ideia do e-mail”, reforçou a ministra na coletiva.
Greve nas universidades e institutos
Desde 15 de abril, servidores de ao menos 40 universidades, cinco institutos federais e dois Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) entraram em greve por reajuste salarial e orçamentário. Os docentes também cobram reestruturação de carreira e a revogação de normas aprovadas nos governos anteriores, de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Já os servidores técnico-administrativos estão com as atividades paralisadas há mais de um mês, desde 11 de março.
No dia 15 de maio, após reunião com representantes dos professores de universidades e institutos federais, o (MGI) manteve a proposta de reajuste zero em 2024. Mas ofereceu correção para o próximo ano conforme a classe e nível dos docentes. A proposta citada pelo ministério prevê reajuste de 9% para 2025 e 5% para 2026.
Sindicatos rejeitam acordo
Os servidores, porém, cobram aumento já a partir deste ano. A categoria pede readequação de 7,06% em 2024, de 9% em janeiro de 2025, e de 5,16% para 2026. O e-mail do governo federal, pedindo um acordo para até esta segunda, também foi contestado pelos sindicatos.
Entidades dos trabalhadores da educação federal, porém, afirmam que não pretendem aceitar a proposta do Ministério. Elas anunciaram em coletiva que uma reunião será realizada com a pasta. O que deve fazer com que a greve continue pelo menos até o começo da próxima semana.
“Repudiamos a interrupção unilateral do processo democrático de negociação pelo governo federal”, afirmou o presidente do Andes-SN, Gustavo Seferian.
Confira a entrevista