Quem perdeu e quem ganhou nas eleições de 2022

PT derrotou com margem apertada o bolsonarismo, que se fortaleceu no Congresso

A apertada vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) neste domingo encerrou a polarizada disputa eleitoral de 2022, elevando o cacife de alguns políticos e abatendo o de outros.

Se de um lado o PT volta ao poder depois de seis anos e o bolsonarismo sofre uma derrota nacional, no Congresso aumentou a bancada dos aliados mais ideológicos do presidente.

Veja uma lista do sobe e desce entre algumas das principais figuras do cenário político atual.

Lula (PT) – SOBE

Preso durante a Operação Lava Jato, se livrou das condenações e foi eleito para seu terceiro mandato, aos 77 anos. A vitória sobre Jair Bolsonaro (PL) o levará a ser o presidente que mais tempo ocupou a cadeira na história democrática brasileira, caso conclua o mandato (12 anos). Getúlio Vargas (PTB) esteve no poder por quase 19 anos, em duas gestões, mas em 8 deles governou sob a ditadura do Estado Novo.

Jair Bolsonaro (PL) – DESCE

O presidente foi o primeiro na recente história democrática a tentar e não conseguir a reeleição. É a primeira vez também que ficará sem mandato na carreira iniciada como vereador do Rio de Janeiro, em 1989.

Geraldo Alckmin (PSB) – SOBE

Depois de amargar o quarto lugar na eleição presidencial de 2018, em sua segunda tentativa frustrada de chegar ao Palácio do Planalto, o ex-governador de São Paulo integrou uma das mais surpreendentes alianças da disputa de 2022, se unindo como vice na chapa do até então rival Lula. Agora do PSB, o vice-presidente eleito é tratado pelo futuro presidente como um de seus principais aliados.

Ciro Gomes (PDT) – DESCE

Fez uma campanha de fortes ataques tanto a Lula como a Bolsonaro e não conseguiu furar a polarização eleitoral. Acabou o primeiro turno em quarto, atrás de Simone Tebet (MDB), o mais fraco desempenho de suas quatro tentativas frustradas de chegar ao Palácio do Planalto.

Simone Tebet (MDB) – SOBE

A senadora começou a eleição desacreditada dentro do próprio partido, mas conseguiu se consolidar como principal nome da chamada 3ª via, superando Ciro Gomes (PDT) na reta final. No segundo turno, deu apoio e mergulhou na campanha de Lula.

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara – DESCE

Reeleito com a maior votação em Alagoas, o parlamentar foi um dos principais apoiadores da campanha de Bolsonaro. Além da derrota na eleição nacional, o que torna uma incógnita sua reeleição ao cargo, em fevereiro, Lira também perdeu a disputa regional com o rival Renan Calheiros (MDB). O senador emplacou o filho na eleição ao Senado e um aliado no governo de Alagoas.

Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado – SOBE

Conta com a simpatia do PT e tem feito uma gestão que, em várias ocasiões, representou uma barreira ao avanço das pautas bolsonaristas, o que reforça suas chances de reeleição para o comando do Senado. Além disso, em diferentes episódios ele saiu em defesa das instituições e do Judiciário em momentos de arroubos autoritários de Bolsonaro.

Renan Calheiros (MDB) – SOBE

Próximo a Lula, senador alagoano venceu a disputa regional contra Arthur Lira, com a eleição de Renan Filho (MDB) para o Senado e de um aliado para o governo.

Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais – ESTÁVEL

Foi reeleito em primeiro turno e aderiu fortemente, no segundo, à campanha de Bolsonaro, prometendo virar votos em Minas. Apesar de a distância entre Lula e Bolsonaro ter sido reduzida a cerca de 50 mil votos, o estado manteve no segundo turno a vitória para o petista.

Claudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro – SOBE

Vice de Wilson Witzel conseguiu adquirir peso político próprio e foi eleito no primeiro turno. Apesar de apoiar Bolsonaro no segundo turno, não se empenhou explicitamente como o colega de Minas.

Rodrigo Garcia (PSDB), governador de São Paulo – DESCE

Não chegou nem ao segundo turno no estado comandado há décadas pelo PSDB. No segundo turno, anunciou apoiou incondicional a Bolsonaro, o que gerou críticas internas na legenda.

Tarcísio de Freitas (Republicanos) – SOBE

Ex-ministro desbancou PSDB e PT e se elegeu governador do maior estado do país, o que representou o principal resultado do bolsonarismo no segundo turno das eleições.

ACM Neto (União Brasil) – DESCE

Ex-prefeito de Salvador e ex-presidente nacional do DEM, o herdeiro do carlismo hoje comanda a secretaria-geral do União Brasil, resultado da fusão do DEM com o PSL, e não conseguiu confirmar o favoritismo inicial na disputa pelo governo da Bahia, sendo derrotado pelo PT.

Eduardo Leite (PSDB) – ESTÁVEL

Tucano não conseguiu viabilizar sua candidatura à Presidência da República e, depois de descartar, se candidatou a uma nova gestão no Rio Grande do Sul, derrotando o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). Com isso, permanece como uma das principais lideranças do esfacelado PSDB.

Onyx Lorenzoni (PL), ex-ministro – DESCE

Além de não conseguir se eleger governador do Rio Grande do Sul, viu Bolsonaro perder nacionalmente.

Ciro Nogueira (PP), ministro da Casa Civil – DESCE

Um dos principais aliados de Bolsonaro, perdeu nacionalmente e também no seu estado, Piauí, que deu a maior votação proporcional a Lula e elegeu senador e governador alinhados ao petista.

Fabio Faria (PP), ministro das Comunicações – DESCE

Um dos principais integrantes do núcleo político da campanha de Bolsonaro, também sofre abalo político com a vitória de Lula, além de ter comandado na reta final da campanha a confusa operação que tentou provar que o presidente teve dezenas de milhares de inserções não veiculadas em rádios pelo país.

Gilberto Kassab, presidente do PSD – SOBE

Comanda legenda que formalmente se distanciou do centrão e, por consequência, do bolsonarismo. Apoiou Tarcísio de Freitas, além de ter nos quadros do partido o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Legenda se inclina a Lula, outro vitorioso desse segundo turno.

Valdemar Costa Neto, presidente do PL – SOBE

Apesar de comandar a legenda de Bolsonaro, Valdemar viu o seu PL eleger as maiores bancadas na Câmara e no Senado, o que mantém o cacique do centrão peça-chave no jogo político, mesmo sob Lula.

Gleisi Hoffmann, presidente do PT – SOBE

Deputada do Paraná reeleita integra o staff de Lula e deve ter protagonismo na terceira gestão do petista.

Sergio Moro (União Brasil), ex-juiz, ex-ministro e senador eleito – DESCE

Não conseguiu viabilizar sua candidatura à Presidência da República, nem disputar vaga ao Senado por São Paulo. Eleito pelo Paraná, aderiu novamente a Bolsonaro no segundo turno, serviu de figurante do presidente em debates na TV, mas assistiu à eleição de Lula, político que havia mandado para a cadeia em 2018, quando era juiz federal.

Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), ex-ministro da Saúde – DESCE

Ministro que confrontou Bolsonaro na gestão da pandemia, não conseguiu colocar de pé sua candidatura à Presidência e, na disputa ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, teve só 15% dos votos válidos, não se elegendo.

Marina Silva (Rede), ex-senadora – SOBE

Depois de ter um péssimo resultado na disputa ao Palácio do Planalto em 2018, a oitava posição, se recompôs politicamente com Lula e participou ativamente da campanha do petista no segundo turno.

André Janones (Avante-MG), deputado federal – SOBE

Conhecido apenas em nichos das redes sociais, o deputado se lançou à Presidência, mas acabou abrindo mão em apoio a Lula e se tornou o coordenador informal da campanha do petista nas redes sociais, rivalizando em pé de igualdade com o bolsonarismo.

Folha de São Paulo

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