“Quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda, e quem vive de salário paga”, critica Lula
Presidente prometeu ajustes para taxar os mais ricos na segunda parte da reforma tributária. Lula confirmou ampliação da isenção do Imposto de Renda
por Lucas Toth
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nessa terça (23) o reajuste na tabela de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para quem ganha até dois salários mínimos, o que equivaleria a R$ 2.824. Em entrevista para o jornalista Mário Kertész, da rádio Metrópole da Bahia, Lula disse que “quem vive de dividendo não paga” o IR.
“Neste país, quem vive de dividendo não paga imposto de renda, e quem vive de salário, paga imposto de renda. O [ministro Fernando] Haddad sabe que temos que fazer esses ajustes”, disse o presidente.
A mudança na tabela de isenção, disse ele, será feito para se ajustar ao aumento do salário mínimo, que neste ano passou a ser de R$ 1.412.
“Com o reajuste do salário mínimo, as pessoas parecem que vão voltar a pagar o Imposto de Renda, mas não vão. Porque nós vamos fazer as mudanças agora para quem ganhe até dois salários mínimos não pague Imposto de Renda. Eu tenho um compromisso de chegar até o fim do meu mandato isentando todo mundo que ganhar até R$ 5 mil”, disse
Em maio do ano passado, o governo ampliou a faixa de isenção do Imposto de Renda de R$ 1.903,98 para R$ 2.212. Para isentar quem ganhava até dois salários mínimos à época, uma medida provisória incluiu desconto de R$ 528 na fonte.
Já o salário mínimo subiu neste mês de R$ 1.320 para R$ 1.412. Assim, o ajuste será necessário para manter a isenção à faixa de dois salários mínimos.
O presidente também prometeu “ajustes” para taxar os mais ricos na segunda parte da reforma tributária, com foco na renda, que o governo pretende encaminhar ao Congresso neste ano.
“É um compromisso de campanha, mas, sobretudo, de muita sinceridade. Nesse país, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda e quem vive de salário paga Imposto de Renda”, continuou.
As declarações ocorrem um dia após Haddad ter afirmado que o Executivo iria fazer uma nova revisão na faixa de isenção do IR.
“Nós vamos fazer uma nova revisão em 2024 por conta do aumento do salário mínimo. O presidente Lula já pediu uma análise para acertarmos a faixa da isenção. Neste primeiro semestre, temos que encaminhar as leis complementares que regulam a emenda da Reforma Tributária”, disse Haddad durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda (22).
Ao chegar ao Ministério da Fazenda, na manhã desta ontem (23), o ministro foi questionado por jornalistas sobre os estudos para acomodar o novo salário mínimo no Imposto de Renda e respondeu que “até o final do mês a gente vai ter essa conta”.