Reflexões sobre o 1° de maio
Mulheres, sindicalistas, feministas, orgulhosas de fazerem parte da luta pela igualdade no trabalho e na vida. Foi com a luta das mulheres lado a lado com os homens, enfrentando barreiras históricas e ideológicas, que conseguimos avançar nas conquistas não só para as mulheres, mas para o conjunto da classe trabalhadora. Ainda não tem o reconhecimento da sociedade e de uma boa parte dos nossos próprios companheiros, mas cada vez mais lutamos para que a representação feminina nos espaços de poder reflita a presença e a importância delas na sociedade.
Sem a presença da mulher na luta por melhores condições de trabalho e emprego, com certeza não teríamos os avanços que tivemos. E isso, com uma dupla jornada de luta, pelos direitos que são comuns à classe trabalhadora e pelo direito à igualdade de tratamento a partir destes direitos.
Foi com a luta das mulheres que no Brasil, de 2001 a 2009, a taxa de participação da mulher na população ativa subiu de 54% para 58%, com a ampliação da cobertura de proteção social, com empregos com carteira de trabalho que aumentaram de 30% para 35%, segundo o relatório da ONU Progresso das Mulheres no Mundo 2015.
A luta ao lado dos companheiros, nas condições de ampliação da democracia com o governo Lula nos anos 2000 e continuados no Governo Dilma, resultou em um conjunto de políticas econômicas e sociais que geraram um crescimento inclusivo, com as políticas públicas de proteção social, como o Bolsa Família, que foram fundamentais para que o Brasil conseguisse tirar milhares de pessoas da pobreza extrema, dentre as quais, milhares de mulheres.
Isso foi determinante para que nosso País diminuísse a disparidade entre salários de homens e mulheres de 38% para 29% tomando por base o período entre 1995 e 2007, segundo o relatório da ONU.
Contramão de conquistas – É preocupante, porém, que o PL 4330, o PL da Terceirização, venha na contramão destas conquistas. Pesquisas demonstram que as mulheres já são a maioria entre os trabalhadores terceirizados. Isso pela construção histórica e ideológica de que as mulheres têm como espaço de atuação a esfera do privado, do informal, da “colaboração”, relegando-as a posições subalternas e desqualificadas no mundo do trabalho.
Talvez, para as pessoas que naturalizam a discriminação e a opressão de gênero, esse é mais um capítulo da história a ser invisibilizada.
Felizmente, sempre haverá uma outra mulher para registrar a participação feminina na história da luta da classe trabalhadora. E outras que divulgarão esse registro. E outras que verão que não estão sós, nesse mundo de apropriações masculinas.
Porque é preciso reconhecer que a realidade também tem o seu encanto que continuaremos lutando. Refletindo as palavras de Guimarães Rosa, falando sobre a vida em Grandes Sertões Veredas, “… o que ela quer da gente é coragem.” E, definitivamente, nos inspirando em Cora Coralina, pois “mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.”
Direção Executiva da CNTE
(texto adaptado de Isis Tavares Neves, Secretária de Relações de Gênero da CNTE)