Resistir é preciso
Por José Nivaldo Mota*
Imagine programas sociais importantes como ProUni, Fies, Minha Casa Minha Vida, Ciências sem Fronteiras, isso sem falar de conjunto com a própria educação, saúde e segurança, tripé de áreas em que a população sempre reclama e sente a ausência do Estado. Embora nestes últimos 13 anos os governos Lula/Dilma viessem atacando de frente a situação, ainda temos que percorrer um longo caminho para superarmos as desigualdades sociais deste país.
Para implementar um programa que não foi escolhido pelo povo nas eleições de 2014 e rasgar a Constituição de 1988, como também a CLT, ainda da época de Getúlio Vargas, este governo golpista e inconstitucional vai querer ser um governo de caráter “bonapartista”, embora já nasça cheio de contradições dentro de sua famigerada aliança.
Para Temer e sua súcia que assaltaram o poder, com ajuda da mídia hegemônica, do Judiciário e de empresários, tem necessidade de correr com os planos de ataque à classe trabalhadora de conjunto, reprimindo violentamente suas lutas. Olhemos o caso de São Paulo como um laboratório desta repressão. Mas só as ruas e a luta do povo podem deter esses ataques contra as conquistas históricas da classe trabalhadora.
A resistência tem que ser organizada, mas não podemos nos arvorar de sermos os únicos nesta luta, devemos ampliar esta resistência pelo restabelecimento da democracia, ampliar como foi em um passado recente, no caso da Anistia ou o movimento como as Diretas Já, denunciando o golpe, quando amplos setores das massas se incorporaram e foram às ruas, com manifestações multitudinárias para derrubar a ditadura de plantão.
A palavra de ordem do plebiscito continua valendo, diante da crise gerada pelo próprio capitalismo em nível internacional. Diante da crise institucional promovida pelos setores mais conservadores no Brasil, o plebiscito é uma saída para a crise. Dilma Rousseff, diante da gravidade da situação, concordou com esta tese; caso o impeachment não fosse aprovado, ela reassumindo o poder, convocaria um plebiscito para saber se o povo gostaria de antecipar as eleições presidenciais. A nossa presidente de fato e de direito, aquela que recebeu os mais de 54 milhões de votos, teve uma postura de estadista diante dos achacadores da democracia!
Mas repito não como uma visão autoproclamatória e dona da verdade, não tenho essa presunção: será muito necessária a amplitude destes atos, não podemos falar para nós mesmo, precisamos ser ouvidos por milhões, este chamado é a garantia que vamos ter a democracia de volta, este chamado é para que não nos ameace com perdas de direitos trabalhistas ou sociais, este chamado é para que milhões se movam pelas ruas, para que a repressão política cesse imediatamente, não queremos voltar ao passado, não queremos o arbítrio.
Mas essa luta só será possível, do ponto de das massas, se tiver o caráter amplo, sem amarras ou preconceitos. Quem estiver disposto a ir às ruas defender o Fora Temer, que defenda um plebiscito em que esteja posto na mesa a proposta de eleições gerais e que seja contra o fim da CLT. Devemos dar as mãos imediatamente, não podemos cobrar dos amplos setores das massas qual foi o seu lado nas manifestações de um período recente de nossa história. Não quero saber se foram “coxinhas”, quero saber da nova atitude em vir lutar por direitos e pela democracia.
*José Nivaldo Mota é professor, vice-presidente do SIinpro/AL, secretário-geral da Fitrae-NE e membro da Diretoria Plena da Contee